Com o filme chegando aos cinemas, vale a pena relembrar O Hobbit, a obra original de J. R. R. Tolkien (ed. Martins Fontes, 296 pgs., R$ 40). O livro narra eventos que aconteceram antes da saga O Senhor dos Anéis, e conta com alguns personagens da trilogia, como Gandalf e Gollum.
A aventura conta a história de uma comitiva de anões, liderados por Thorin Escudo de Carvalho, que tentam reaver sua casa, a Montanha Solitária. Eles têm a ajuda de Bilbo Bolseiro, o hobbit do título, que está atrás de um tesouro. Porém, há um enorme empecilho: tanto o tesouro como a montanha estão em posse de um terrível dragão chamado Smaug.
Tolkien criou não apenas uma aventura extraordinária, mas também um modo leve de contá-la. O narrador do livro está sempre tecendo comentários irônicos ou simplesmente engraçados sobre o que acontece. Esse lado mais cômico aparece com mais intensidade quando se tratam dos pensamentos de Bilbo para com seus companheiros, os anões. Mas não pense que o narrador é um palhaço, pois ele também sabe injetar soturnidade e escuridão a trama, o que rola em vários trechos do livro.
Os cenários são descritos de forma precisa e rica, mesmo que essas descrições não sejam longas (vale lembrar que, diferentemente de O Senhor dos Anéis, O Hobbit foi concebido como um livro infantil). Metáforas muito bem construídas pincelam todos os detalhes dos cenários, o que, com a ajuda dos dois belíssimos mapas (ambos com motivos da Terra Média), constroem em nossa mente, de forma firme e clara, todo o espaço narrado pela obra. A noção dos ambientes é tão clara que, pelo menos no meu caso, acabou ajudando a mergulhar com mais profundidade na história.
Resumindo, um livro esplêndido! Daquele tipo que você pega e não larga mais até que termine e, quando termina, gostaria que fosse mais longo, para continuar lendo. Ah, e fica a dica: nessa edição, você pode conferir não só o texto de Tolkien, mas também seus desenhos. Sim, o autor ilustrou algumas passagens de sua obra e, cá entre nós, ele mandava muito bem!
Ilustração de Tolkien para O Hobbit: “finalmente tenho uma porta que dá ventilação”