O Quarto de Jack, que estreia hoje em todo o Brasil, concorre a quatro indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção e Melhor Atriz. Toda essa repercussão não é por acaso – este longa, o sexto do diretor irlandês Lenny Abrahamson, é extremamente emocionante e bem feito.
Adaptado do livro de mesmo nome da autora irlandesa Emma Donoghue, o filme conta a história de Jack e sua mãe, Joy, que estão reféns em um quarto sem janelas e à prova de som de 10m². Apesar das circunstâncias aterrorizantes vividas por Joy, ela consegue tornar esse ambiente um lugar agradável para o menino.
A mãe inventa histórias fantásticas sobre o mundo em que vivem – por exemplo, só existem os dois no Universo e atrás das paredes está o Espaço Sideral, ou então as pessoas que aparecem na TV não são reais, e ainda o sequestrador é uma espécie de mágico que entrega “presentes” aos domingos, etc.
Porém a situação muda quando Jack completa cinco anos e Joy decide usá-lo para ambos escaparem do cativeiro. Jack agora vai conhecer um mundo que ele nunca cogitou ser real, onde cada parte é uma grande novidade. Mas isso não significa necessariamente que está tudo bem.
“Como dá para ver, Jack, claramente há espaço para os dois naquela tábua de madeira”
O Quarto de Jack consegue misturar suspense e melodrama na medida certa. A imersão que o filme consegue passar é surreal, e o espectador não tem quase nenhum momento de alívio no filme todo. Isso reflete não só a excelente estrutura do roteiro como também a brilhante atuação de Brie Larson (Joy) e Jacob Tremblay (Jack), que sustentam a adrenalina do começo ao fim.
Junto a todo o espetáculo, soma-se o diretor Lenny Abrahamson, que em 2014 já havia lançado Frank, uma dramédia independente que não saiu do circuito underground, mas, ainda assim, não deixou de ser um dos melhores filmes de 2014. Apenas um ano depois, o diretor volta a ganhar visibilidade com O Quarto de Jack, e muito merecidamente.
Quem se interessa por filmes densos, psicológicos ou filosóficos vai se apaixonar por O Quarto de Jack, que aborda diversas questões de forma muito honesta e poética. Um filme com um timing espetacular, que tira o folego e provoca muitas lágrimas, a obra tem tudo para ser devidamente reconhecida pela Academia. Entretanto, Oscar é consequência e, mesmo se não vier, O Quarto de Jack ainda será, definitivamente, um dos melhores do ano.