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11. “No tempo da palmatória, se aprendia mais.”

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 8 mar 2013, 22h00

Maurício Horta

A verdade: Castigos corporais na escola servem só para uma coisa – ensinar a mentir melhor para fugir da punição

Talvez os estudantes dos tempos da palmatória parecessem mais obedientes. Mas será que eles de fato aprendiam a respeitar regras por saber o que era certo ou simplesmente se faziam de santos para fugir do castigo? A psicóloga Victoria Talwar, da Universidade McGill, Canadá, quis verificar isso em crianças de 3 a 6 anos, mas, como bater nelas seria eticamente questionável, procurou um país onde isso ainda fosse um método pedagógico comum. Num país africano não divulgado, encontrou duas escolas privadas não religiosas, localizadas na mesma cidade. Em uma, deslizes como esquecer materiais, ir mal em provas ou fazer bagunça na sala de aula eram punidoss por meio de expulsão da sala, repreensão verbal e, nos casos mais sérios, uma conversa brava com o diretor. Noutra, crianças eram castigadas com varas, beliscões e tapas. Por dia, eram administrados em média 40 castigos corporais por classe. O resultado foi que a punição física as deixou mais mentirosas e menos inteligentes do que as outras. Veja:

 

Mais mentira

Talwar aplicou testes que avaliam o quanto crianças mentem. Neles, o pesquisador pede que não mexam num brinquedo enquanto estiver ausente e depois pergunta se o desobedeceu. As crianças da escola punitiva de fato demoraram mais para mexer no brinquedo – mas, no final, acabaram desobedecendo de qualquer forma, tal como as da escola não punitivas. A grande diferença foi que as crianças educadas com castigo físico mentiram mais e melhor. A conclusão de Talwar foi de que a punição não fez nada mais do que ensinar a criança mentir para se livrar da dor.

 

Menos inteligência

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Para avaliar o impacto do castigo físico no desenvolvimento mental das crianças, a pesquisadora avaliou suas habilidades verbais e funções executivas – ou seja, autocontrole, planejamento, solução de problemas e atenção. Enquanto não houve diferença entre as crianças mais novas, nas de 6 anos o castigo corporal levou a índices menores. Uma razão para isso, segundo Talwar, é que, ao substituir a comunicação verbal entre crianças e adultos por castigo corporal, perde-se uma oportunidade de desenvolvimento cognitivo. Em vez de aprender por que uma coisa não deve ser feita, ela passa a apenas fugir da punição. Isso, mais tarde, pode significar menos autocontrole quando crescer, afirma Talwar.

 

Onde ainda se apanha 

Segundo a Unesco, 102 países proíbem o castigo corporal na escola. No Ocidente, as exceções são a França, alguns estados australianos – e 19 estados americanos, onde todo ano 200 mil crianças apanham na escola.

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