5 em cada 6 meninas acham que só são valorizadas pela aparência
E só 1% delas dizem ser tratadas igual aos meninos, diz estudo.
O dia 11 de outubro marca o Dia Internacional das Meninas, uma data criada pela ONU em 2012 para lembrar o mundo inteiro da luta pelos direitos das meninas e adolescentes. Mas ainda estamos longe de chegar a um ponto confortável para elas: em uma série de estudos realizados na Austrália, na Nicarágua, no Equador, no Paquistão e no Zimbábue, só 1% das meninas disseram acreditar que são tratadas igual aos meninos. E 5 em cada 6 afirmaram que só a aparência tem valor.
As pesquisas, chamadas As visões das jovens mulheres sobre a desigualdade de gênero, foram feitas pela Universidade de Melbourne, na Austrália, em parceria com universidades de cada país. Também foram patrocinadas por duas organizações australianas sem fins lucrativos que lutam pelos direitos das meninas e das adolescentes: a Our Watch e a Plan International Australia. Foram 3 mil participantes no total – 600 em cada país -, entrevistadas entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016.
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Os dados são assustadores. 5 a cada 6 meninas acham que só a aparência – e não o intelecto ou as habilidades e aptidões – tem valor para as outras pessoas, e mais da metade afirma que a inteligência raramente é uma qualidade valorizada ou elogiada.
Por causa dessa visão depreciativa de si mesmas, um terço das entrevistadas acredita que seria mais fácil conseguir o trabalho dos sonhos se fosse homem – só no Paquistão, 53% das participantes concordaram que ser do sexo masculino tornaria a vida profissional bem mais fácil. Dentro de casa, as coisas não são diferentes: um terço das meninas sente que o trabalho doméstico não é dividido igualmente entre os homens e as mulheres da família.
Ainda há muito a melhorar em relação aos direitos das meninas, e a estrada vai ser longa: 63 milhões de meninas espalhadas pelo mundo não estão na escola – no próprio questionário, 18% das australianas não estavam estudando, isso apesar de a Austrália ser um país com bons índices educacionais.
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Claro, o problema da desigualdade de gênero não para por aí: outra face dessa questão é o abuso sexual. Nas pesquisas, 51% das meninas disseram se sentir pressionadas para tirar e compartilhar selfies íntimas, e 62% a transar. Segundo a ONU, no mundo inteiro, 120 milhões de meninas já foram forçadas a fazer sexo.
Os resultados assustam, mas a ideia é usá-los para combater o machismo. No ano passado, os cinco países estavam entre os 193 que adotaram a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, uma série de 17 objetivos para diminuir as diversas formas de desigualdade até 2030. Quem sabe, no final desse tempo, aquele 1% de meninas que se sentem iguais aos meninos cresça – nem que seja pouquinho.