A quantidade de homens na cadeia cresceu nos últimos anos – aproximadamente 70%. Já a feminina, aumentou mais que o dobro: 146%. Mesmo assim, as prisões continuam sem estrutura para recebê-las. Entenda os motivos que fazem essa jornada ser duplamente degradante: por estarem presas e por serem mulheres.
1- Higiene
Elas recebem apenas dois rolos de papel higiênico por mês, o que pode até servir para homens, que usam o papel apenas para uma necessidade. Para mulheres, que precisam de papel toda vez que vão ao banheiro, a quantia é extremamente limitada – o que faz com que elas usem restos de jornais como improviso. Os absorventes também são um problema. Muitas usam miolo de pão velho como uma espécie de tampão para absorver o fluxo menstrual.
2- Maternidade
Hoje, existem 1.925 bebês e crianças que vivem com suas mães nas prisões do Brasil. Os presídios femininos não têm estrutura nenhuma para garantir um ambiente minimamente seguro para grávidas e seus filhos. Dormir no chão é o de menos: elas relatam também episódios de agressão que sofrem dos policias quando estão grávidas e até mesmo com o bebê no colo.
3- Visitas íntimas
O direito à visita íntima só foi concedido no começo dos anos 2000. Para as mulheres. Os homens possuem essa liberdade há quase 30 anos. Por que, hein? A conquista, infelizmente, não é plenamente usufruída, já que apenas 2% das detentas recebem visitas regulares de seus companheiros. O que leva ao próximo ponto:
4- Abandono
Mulheres presas são frequentemente abandonadas pelos companheiros, o que geralmente não acontece com os homens. Isso acontece principalmente porque é mais difícil para a sociedade aceitar uma mulher transgressora que um homem transgressor, como mostra esta matéria. Depressão e pensamentos suicidas são frequentes.
5- Faltam unidades de internação femininas
As jovens infratoras relatam abandono por parte dos familiares porque só existem unidades de internação femininas nas capitais. Para quem é do interior, os altos custos e a distância aumentam ainda mais a barreira existente entre essas meninas e o mundo, e boa parte delas passa meses e meses sem receber visitas.
6- Estupro carcerário
As detentas ficam em estado de extrema vulnerabilidade, o que as torna alvos fáceis para estupros. Os outros presidiários e os próprios agentes carcerários se aproveitam dessa situação para cometer o crime, que é, na maioria das vezes, acobertado. Presas, ignoradas e oprimidas, elas perdem o poder de voz. A situação á ainda pior pela falta de mulheres que trabalham nas penitenciárias.
Fonte: Presos Que Menstruam, livro de Nana Queiros
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