6. “Você é nosso filho.”
A verdade: Quando o filho é adotado, é melhor os pais contarem a verdade desde o início. Afinal, problemas maiores só surgem quando a revelação vem mais tarde
André Bernardo
Apenas 10% dos filhos adotados desconhecem que seus pais de criação não são pais biológicos, segundo uma pesquisa da psicóloga Lidia Weber, da UFPR, com 400 famílias adotivas brasileiras. Mas isso não quer dizer que os demais 90% saibam disso desde sempre. Alguns pais mantêm a adoção em segredo por anos com medo de que seus filhos vão se traumatizar ou se sentir menos amados ao descobrir a verdade. Só que problemas em adoções em geral surgem exatamente quando a revelação é feita depois dos 6 anos ou por meio de outras pessoas. Aí, o mais comum é a criança sentir vergonha – afinal, ela entende que, se a adoção foi escondida, ela não devia ser coisa boa. Mas, se contar, o filho não vai querer correr atrás da família biológica? Não. O estudo de Weber concluiu que a maioria absoluta não quer conhecê-la, não sente nada por ela e nem acha importante receber mais informações sobre ela. O que geralmente quer saber mesmo é como foi a adoção. A maioria também não acha que foi dada à adoção por falta de amor, mas porque a família biológica não tinha condições de criá-la. O fato é que os filhos adotados amam seus pais adotivos. E, para que a relação seja a melhor possível, o tema não pode ser tabu em casa. A dica de Maria Antonieta Motta, do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo, é usar a palavra “adoção” com frequência, folhear o álbum de fotos da família e mostrar a papelada da adoção ao filho.
Quanto antes contar, melhor
“Fiquei sabendo por um vizinho, quando tinha 13 anos, e foi horrível.”
“Fiquei chocada quando soube. Não esperava uma mentira dessas.”
Depoimentos de filhos que descobriram tardiamente sua adoção, segundo a psicóloga Lida Weber.