A grande cidade-fantasma americana
Bodie, Califórnia, Estados Unidos: metrópole da corrida do ouro no século 19, ela virou um preservado museu do faroeste no meio do nada
Existem muitas cidades-fantasmas no vasto território americano. Mas muitas acabam sendo uma decepção para o visitante, por dois motivos. Ou o que sobrou delas são ruínas tão devastadas em que é preciso usar a imaginação para visualizar uma cidade de verdade ali, ou o local se transformou em uma minidisney de faroeste, com duelos encenados e bordéis convertidos em lojas de suvenires. Mas Bodie é diferente.
Ela era das maiores cidades da Califórnia do fim do século 19. Mas a mistura nefasta de doença, clima inóspito e, especialmente, minas de ouro esvaziadas acabou com o local na década de 1940. Hoje, só 5% da cidade ainda existe. O que é muito: cerca de 200 estruturas estão de pé. Ou seja, ela é grande, bem maior que outras do gênero.
Isso foi possível graças, em boa parte, a uma medida do governo. Bodie é preservada em um estado de arrested decay (algo como “decadência capturada”). Ou seja, nada ali pode ser restaurado ou transformado em outra coisa. Assim, o interior das casas é um retrato desolador e empoeirado de parte da história do país: cadeiras, camas enferrujadas, malas, papéis de parede em frangalhos, carros e até um saloon e uma igreja. Tudo do mesmo jeito como foi abandonado.
A localização isolada, próxima ao parque Yosemite, e o clima seco também ajudaram a preservar o declínio. O resultado é uma viagem no tempo intensificada pelo fato de não haver nada em volta. Nenhum barulho. Só fantasmas.
VÁ – Saindo de São Francisco, cruze o parque nacional Yosemite (numa estrada de filme) até Bridgeport, base para visitar Bodie. Fique no Bodie Hotel, que tem o espírito decadente de Velho Oeste. Na vizinha Lee Vining, há um lago 2,5 vezes mais salgado que o mar, com estranhas formações rochosas.
QUANDO – Meses quentes do Hemisfério Norte. No inverno, as estradas fecham devido às nevascas.
Imagem: wikimediacommons.com