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Cães preferem o rosto de outros cães aos de humanos

E isso não significa que seu cachorro não te ame: é só que eles não dependem tanto das expressões faciais para se comunicar como a espécie humana.

Por Bruno Carbinatto
22 out 2020, 18h47

Os donos de cães geralmente se alegram ao ver o rosto de seus pets e podem até acreditar que a recíproca é verdadeira. Mas pode não ser. Um novo estudo mostrou que o cérebro de cães fica bastante ativo na visão do rosto de um outro cachorro, mas não reage tanto a rostos humanos, mesmo que eles sejam afetivamente conectados com seus donos.

No artigo, pesquisadores da Hungria usaram ressonância magnética para analisar a atividade cerebral de 20 cachorros e 30 humanos diante diferentes de vídeos e imagens (os cães eram treinados para ficar imóveis durante os exames). Os resultados mostraram que certas áreas do cérebro canino se ativam com uma relativa intensidade ao observar faces humanas; no entanto, essa intensidade era a mesma quando as imagens mostravam a parte de trás da cabeça de pessoas. Por outro lado, o cérebro dos animais brilhava com bastante intensidade ao ver a face ou o lado de trás da cabeça de outros cães.

Nos testes com humanos, os resultados foram parecidos no sentido que os cérebros dos voluntários também foi mais ativo quando viram outros humanos do que quando assistiam a imagens de cães. Mas, para além disso, um traço inerente da nossa espécie ficou evidente: a preferência por rostos. A atividade cerebral humana foi maior diante de faces de animais ou pessoas do que diante de imagens da parte de trás de suas cabeças.

Isso significa que os humanos têm uma preferência inconsciente por rostos. De fato, a face é a principal forma de se comunicar e expressar sentimentos e emoções entre a nossa espécie – sendo que nosso cérebro têm áreas específicas para processar essas informações –, enquanto coisas como linguagem corporal e tom de voz são fatores secundários.

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Por outro lado, cães não dependem apenas das expressões visuais para se comunicar e transmitir informações. Embora eles consigam reconhecer humanos próximos apenas pelo rosto e até ler certas emoções neles, os pets também dependem de outros fatores – incluindo o corpo todo. Um exemplo é o uso das orelhas para se comunicar (algumas raças as levantam quando estão atentas ou irritadas, por exemplo), e elas podem ser vistas tanto de frente como de trás, o que ajuda a explicar porque o rosto em si não é o protagonista da comunicação.

Além disso, cães utilizam outros sentidos com uma intensidade muito maior que a nossa, incluindo o olfato. Por isso, o cheiro e os feromônios são tão importantes para eles quanto as expressões faciais, assim como o tom de voz e a linguagem corporal como um todo.

Dessa forma, a pesquisa não significa que seu cachorro não liga para você – e milênios de domesticação estão aí para provar que de fato eles são os melhores amigos do homem. Acontece que, para seu pet, sua cara não é tão importante, pelo menos não tão importante quanto o resto.

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