Os problemas neurológicos, apresentados por dois italianos vítimas de derrame cerebral serviram de ponto de partida para uma idéia original: o cérebro recorreria a mecanismos distintos para identificar vogais e consoantes. Desde que sofreram danos no lado esquerdo do cérebro, ambos os homens passaram a omiti-las na escrita. Em vez de Bologna, por exemplo, escrevia B l gn. Embora ciente do erro, ele simplesmente não conseguia incluir as vogais. O outro homem escrevia as vogais trocando-as, porém. Escrevia e falava diatro quando queria dizer dietro (atrás, em italiano) e cora, em vez de caro.
Refletindo sobre as anomalias, o psicólogo Roberto Cubelli, do Hospital Maggiore de Bolonha, levantou a hipótese de que o cérebro decompõe consoantes e vogais cada palavra aprendida, armazenando-as separadamente. Ou seja, vogais e consoantes não seriam apenas propriedades formais de linguagem, mas teriam uma existência neurológica. Se isso for verdade, poderão surgir novas possibilidades de tratamento dos distúrbios de fala e da escrita.