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E se todo mundo trabalhasse em casa?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 15 jan 2012, 22h00

Fabrício Lopes

Mais de 10 milhões de brasileiros já sabem como é trabalhar em casa. Trabalhadores formais ou informais, empregados ou autônomos, em tempo integral ou parcial, eles aproveitam as vantagens de não pegar trânsito, não precisar escolher uma boa roupa para impressionar chefia e clientes, mas também convivem com as desvantagens de não socializar com colegas ou ter alguém do lado para pedir uma opinião. Se todos passassem a trabalhar em casa, não seria apenas a rotina dos profissionais e das empresas que mudaria. A relação das pessoas com a cidade, o ar que respiramos e a economia do país seriam atingidos.

A palavra escritório vem do latim. Significa um “lugar para escrever” e remete ao quarto usado pelos monges copistas da Idade Média para redigir seus pergaminhos. A palavra office (em inglês) deriva do latim officium, nome dado à sala do palácio onde ficavam manuscritos manuseados pelos escribas. A Revolução Industrial, no século 18, consolidou a ideia de escritório como “o lugar ideal para arquivar documentos importantes”.

Hoje, com tantos recursos à disposição, esse “lugar ideal” pode funcionar no aconchego do lar ou em locais públicos. Muitas empresas – inclusive multinacionais como Cisco, IBM e Ernst & Young, já adotaram o modelo. Mais importante do que “onde trabalha” é “quanto produz”. E uma pesquisa da consultoria SonicWALL descobriu que 76% dos empregados e 61% dos chefes acreditam que a produtividade em casa é maior do que a no escritório.

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Mas não é todo mundo que vê vantagem em se isolar para trabalhar. Depois do boom do home office, trabalhadores móveis cansados de ficar de pijama passaram a ocupar locais públicos que oferecem acesso à internet. A prática de compartilhar esses espaços ganhou o nome de coworking e virou tendência em grandes centros urbanos. Novos modelos de escritórios recebem “cotrabalhadores” que dividem custos de internet, telefone, aluguel etc.

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IMÓVEIS MAIS BARATOS

Os grandes centros empresariais, onde estão os escritórios, virariam condomínios residenciais. Além disso, os trabalhadores não precisariam mais morar nas áreas urbanas. Aumentaria a oferta de imóveis e o preço cairia até 60% – o valor do metro quadrado no Centro do Rio de Janeiro despencaria de R$ 6 mil para R$ 2400, por exemplo.

PIB MAIOR

Segundo estudo realizado pelo Ibope a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 32% dos moradores de cidades com mais de 100 mil habitantes gastam mais de uma hora por dia para chegar ao trabalho. Em casa, essas pessoas poderiam produzir mais. A economia brasileira ganharia, por ano, cerca de R$ 183 bilhões, o equivalente a 4,9% do PIB no ano passado. Com mais dinheiro circulando, surgiriam novos nichos de mercado.

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AR MAIS LIMPO

Menos pessoas nas ruas usariam menos veículos, consumindo menos combustível e poluindo menos. Com o movimento parecido com o dos fins de semana, o índice de monóxido de carbono em São Paulo cairia de 1,9 ppm (parte por milhão) para 1,2 ppm – menos 37%. Os casos de doenças cardiovasculares e respiratórias tenderiam a cair nessa proporção.

FIM DAS MEGALÓPOLES

Sem tanta gente precisando se deslocar para longe, as cidades não precisariam ser tão grandes. Os bairros seriam mais autossuficientes e as empresas de transporte reduziriam suas frotas. Só de ônibus, 16 mil deixariam de circular no Rio e em São Paulo. O movimento de segunda a sábado seria como o de domingos e feriados. Tarifas aumentariam para compensar a queda na demanda, mas o conforto também.

NOVA VIDA CIAL

Sem o ambiente das empresas para trocar ideias e conhecer mais pessoas – mesmo que essa não seja a preocupação inicial, cerca de 15% dos casais se formaram no trabalho -, aumentaria a procura por modalidades de cursos livres, por exemplo. No Senac SP, o número de inscrições aumenta ano a ano. Em 2009 e 2010, foram 169424 e 179 177 respectivamente. Até outubro de 2011, já foram contabilizadas 189857.

Fontes: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Rio de Janeiro (Creci-RJ), Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (Ebape/FGV), Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Imóveis Comerciais Buildings, Ministério da Educação (MEC), Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) e SPTrans.

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