42. Como é a operação de troca de sexo?
“O termo científico correto é cirurgia de transgenitalização, porque ninguém entra em um hospital com um sexo e sai com outro”, explica Eloísio Alexsandro, urologista da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Fora a operação genital (veja ao lado), existem várias outras de adequação para mudar a fisionomia do rosto, tornando-o mais feminino ou masculino; modificar o contorno do tórax, retirando as mamas ou implantando próteses de silicone; eliminar o pomo de adão nos homens. Estima-se que sejam realizadas aproximadamente 50 transgenitalizações feminilizantes por ano no Brasil pelo SUS (Sistema Único de Saúde). As masculinizantes são raras. Nos dois casos, antes de conseguir autorização, é preciso ter mais de 21 anos e passar por um acompanhamento médico e psicológico por dois anos.
DE HOMEM PARA MULHER
1. O cirurgião faz um corte no saco escrotal e no pênis, tomando cuidado para não prejudicar o sistema urinário, que é encurtado.
2. O tecido cavernoso e os testículos, responsáveis pela produção dos hormônios masculinos, são removidos. O clitóris é construído com base na glande, o prepúcio gera os pequenos lábios, o escroto se transforma nos grandes lábios
3. A neovagina é feita com a inversão da pele da haste peniana. Usa-se um alargador para modelar o canal.
DE MULHER PARA HOMEM
1. A ingestão prévia de testosterona diariamente provoca o crescimento do clitóris, que atinge 6 centímetros, em média. Vai depender de cada organismo.
2. O neopenis é despregado do púbis e o canal da uretra é prolongado com tecido da própria vagina. A partir daí, o paciente consegue urinar em pé. O funcionamento é normal, com ereção e sensibilidade preservadas – mas o tamanho, bem pequeno, dificulta a penetração.
3. Os grandes lábios viram testículos e envolvem próteses redondas de silicone. Dá para construir o pênis com enxertos do corpo e uma prótese.
43. Os gays nascem gays?
No livro O Cérebro em Transformação (Editora Objetiva), Suzana Herculano-Houzel, bióloga e neurocientista do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, diz que estudos demonstram semelhanças entre o cérebro de pessoas com a mesma preferência sexual. O hipotálamo delas responderia de maneira idêntica aos feromônios. “Até onde a ciência sabe, a preferência é determinada no começo da gestação por fatores biológicos, e não apenas genéticos”, afirma. Mulheres e homens gays, por exemplo, teriam certas estruturas cerebrais, ligadas à sexualidade, iguais. Portanto, o processo aconteceria ainda no útero e, durante a adolescência, o amadurecimento do cérebro levaria ao reconhecimeto da sexualidade. Para a psicologia, não há consenso. “O que se afirma atualmente é que não se trata de uma opção, e sim de uma orientação sexual, assim como a bissexualidade e a heterossexualidade”, explica a psicoterapeuta Sâmara Jorge, de São Paulo. O Conselho Federal de Psicologia estabeleceu, em 1999, que não se trata de distúrbio nem de perversão.