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Entre mortos e vivos

Agente funerário há mais de 30 anos nos EUA, Robert D. Webster é autor de um livro sobre o assunto e conta aqui essas e outras histórias inusitadas que acontecem em enterros.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 23 fev 2012, 22h00

Mariana Pontual

Imagine um enterro em que o morto levou uma picape para a sepultura. Ou então um funeral em que o caixão continha uma coleção de revistas Playboy. O responsável por esses últimos desejos foi o americano Robert D. Webster. Agente funerário há mais de 30 anos nos EUA, Webster é autor de um livro sobre o assunto e conta aqui essas e outras histórias inusitadas que acontecem em enterros.

Por que você decidiu escrever um livro contando as suas histórias como agente funerário?

A minha ideia original era escrever um livro que pudesse ajudar as pessoas a economizar com as despesas de funeral. A nossa sociedade teme e nega a morte, assim, as pessoas acabam pagando mais caro por esse tipo de serviço, já que não querem se informar e pesquisar a respeito. Então decidi incluir algumas histórias que vivi ao longo dos anos para deixar o livro mais interessante. Baseado no sucesso da publicação, dá para concluir que as pessoas querem saber o que acontece com seus entes queridos depois da morte.

O título do livro (Does this mean you´ll see me naked?) é uma piada sobre o fato de os mortos ficarem pelados diante do agente funerário. De onde você tirou essa frase?

A ideia para o título do livro surgiu de uma amiga da minha esposa durante um velório. Ela me chamou num canto e disse que queria que eu cuidasse do seu funeral quando ela morresse, mas que antes gostaria de me perguntar uma coisa. Ela disse: “Você precisa me ver nua para fazer o seu trabalho?” Eu fiquei surpreso com o fato de que ela estava preocupada com isso, mas eu entendo que as mulheres são mais recatadas nesse aspecto do que nós, homens.

Quais são os pedidos mais comuns e qual deles foi o mais inusitado que você já atendeu?

Os pedidos mais comuns são de coisas como fotografias, joias, bijuterias e relógios. Mas eu também já tive de colocar muitos objetos inusitados, como tacos de golfe, espingardas, cervejas e outras bebidas e até mesmo uma enorme coleção de revistas Playboy.

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Qual foi o desejo mais excêntrico a que você já atendeu em um funeral?

Uma vez eu conheci um senhor que, antes de morrer, disse que gostaria de ser enterrado com a sua amada picape. Primeiro eu achei que ele estava brincando, mas, quando eu o informei de todos os esforços e custos extras envolvidos para satisfazer o seu desejo – como uma sepultura maior, remover todos os fluidos do veículo e conduzir a picape até o cemitério -, ele se mostrou feliz em arcar com as despesas. Quando ele morreu, alguns anos mais tarde, nós preparamos a picape, o acomodamos no banco da frente e conduzimos o veículo até o cemitério em outro caminhão. A picape foi colocada na sepultura por um guindaste e, assim, ele teve seu desejo atendido.

Você está no ramo funerário há 30 anos. É possível perceber alguma mudança na maneira como as pessoas são enterradas?

Dez anos atrás, eu percebi que o público expressava um interesse menor por caixões caros, e os modelos mais baratos começaram a vender mais. A cremação aumentou dramaticamente também [mais barata do que um enterro]. Mas acho que isso tem a ver com a terrível situação financeira dos EUA.

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