Entre mamíferos do mesmo tamanho, é sabido que os insetívoros têm cérebros menores do que os carnívoros – e, entre estes, os campeões cerebrais são os primatas. Não se sabia, porém, que, mesmo nas espécies em que os adultos têm cérebros de dimensões idênticas, podem surgir diferenças nos filhotes: os cérebros dos que dependem totalmente dos pais para sobreviver medem a metade do cérebro dos filhotes que só precisam da mãe para mamar. Os cientistas suspeitam que a segurança do ambiente pode explicar essa diferença.
Segundo eles, o cérebro tende a ser menor nas espécies que se desenvolveram em ambientes com escassez de recursos e excesso de predadores. Nessas espécies, os animais têm vários filhotes em sucessivas gestações curtas, para aumentar as chances de sobrevivência. Já nas espécies que se desenvolveram em ambientes seguros, as mães puderam se dar ao luxo de ter um filhote de cada vez, em gestações relativamente longas, como ocorre entre os humanos. Assim, dedicando mais tempo e mais energia a um único indivíduo, formaram cérebros maiores. A seleção natural, em teoria, deveria aumentar os cérebros das diversas espécies sem distinção – mas, na prática, a luta pela sobrevivência em certas espécies gera comportamentos biológicos que acabam impedindo o crescimento cerebral.