Homens bombados preferem sociedades desiguais – mesmo quando são pobres
Entre as mulheres musculosas, por outro lado, não existe a mesma relação
Você provavelmente conhece gente de todas as partes do espectro político, e com todo tipo de musculatura. A probabilidade de que você conheça alguém bombado que não seja conservador, porém, talvez seja baixa. É o que indica um novo estudo afirma que, quanto mais musculosos são os homens, menos eles desejam uma sociedade igualitária.
Para chegar a essa conclusão, Michael Bang Petersen, professor de Ciência Política da Universidade de Aarhus (na Dinamarca) analisou dados de outros 12 estudos que, somados, envolviam mais de 6.300 pessoas residentes em 6 países (Estados Unidos, Dinamarca, Ucrânia, Polônia, Lituânia e Venezuela), para evitar que os resultados condissessem apenas com o comportamento de uma região particular.
Os participantes eram analisados fisicamente e depois submetidos à um questionário. As perguntas eram simples e diziam respeito a políticas econômicas, “você acha que deveria haver uma taxação sobre grandes fortunas?”, por exemplo. Ao fim, Petersen, cruzou os dados. E percebeu o seguinte: quanto maiores os músculos, maior o conservadorismo. Ou seja, menos os homens gostavam de políticas que pregavam mais distribuição de renda, por exemplo.
De acordo com Petersen a resposta está nos homens das cavernas. “Ancestralmente, nossa sociedade girava em torno do fato de que um homem mais forte não precisava depender do coletivo para subir na hierarquia de status.” Afirma Petersen em entrevista à SUPER. “Nossos ancestrais caçadores-coletores viviam em pequenos grupos sem autoridades centralizadas e, portanto, os conflitos podiam ser resolvidos usando força física. Hoje, nossa capacidade de ter sucesso é mais uma questão de inteligência do que de força. Ainda assim, machos fortes se comportam como se pudessem ter sucesso sozinhos.”, completa.
É curioso notar que a regra só se provou válida entre homens. As mulheres mais musculosas não seguiam o mesmo padrão, e suas ideologias sobre igualdade não tinham correlação com a força física. De acordo com o pesquisador, isso acontece justamente porque nossas ancestrais não dependiam tanto da força física para sobreviver, e essa necessidade de encontrar outros meios para viver, sem ter que sair no braço, acabou sendo passada adiante para as moças da atualidade.
O comportamento mais conservador aparecia mesmo quando o homem em questão tinha chances de ser beneficiado por uma possível política igualitária. Petersen acredita que isso ocorre porque os homens tendem a achar que, em algum momento da vida, vão estar no topo da hierarquia – e quando chegarem lá, não vão querer dividir.
“Evolução biológica é um processo muito lento. Levam-se muitas, muitas gerações para que nossa psicologia se adapte às condições culturais, como a da existência de sociedades de massa. Por conta disso, nossos esqueletos continuam pegando emprestado algumas intuições da Idade da Pedra. Sendo que elas são reguladas por fatores ancestrais”, afirma Petersen. “Esse tipo de resultado desafiam as crenças de que nossas visões são formadas única e exclusivamente pela lógica”, completa.