Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O idioma que você fala altera sua percepção do tempo

Sim, o tempo é relativo. E um novo estudo indica que ele pode depender, inclusive, da língua que você fala

Por Guilherme Eler
Atualizado em 17 Maio 2019, 15h49 - Publicado em 10 Maio 2017, 19h19

A língua que falamos molda a forma como enxergamos as coisas. Cada idioma tem seus recursos e expressões, e isso tudo pode contribuir para que uma mesma situação ganhe interpretações diferentes. Ao comentar sobre o pouco tempo que tem de almoço, por exemplo, uma pessoa que fala inglês ou sueco provavelmente utilizaria o termo “pausa curta”. Para hispanohablantes e gregos, porém, o momento seria descrito como uma “pequena pausa”.

Essas variações na linguagem, segundo um estudo publicado no Journal of Experimental Psychology, podem influenciar na percepção que cada pessoa tem sobre o tempo. E o caso mais interessante vem daqueles que falam mais de um idioma. Quem é bilíngue tem uma “chavinha” no cérebro, alterada de acordo com a linguagem que será utilizada.

Para determinar essa relação, os pesquisadores analisaram um grupo de 80 voluntários, composto metade por espanhóis e metade por suecos, que foram submetidos a alguns experimentos psicológicos.

No primeiro, eles tinham de assistir a uma animação de computador que mostrava duas linhas, que cresciam a partir de um ponto. Uma delas levava três segundos para atingir o tamanho de quatro polegadas. A outra crescia até atingir seis polegadas, no mesmo tempo. Após acompanharem as cenas, os voluntários eram orientados a falar suas impressões, estimando quanto tempo as linhas levaram para atingir seus tamanhos finais.

Continua após a publicidade

Os pesquisadores esperavam que os suecos tivessem mais dificuldade em acertar esse tempo. E foi exatamente o que aconteceu: para eles, a linha maior teria demorado mais que a outra para chegar nas seis polegadas. Enquanto isso, espanhóis indicaram a duração do experimento com mais precisão – independentemente do tamanho de cada linha.

O cenário mudou quando as linhas foram substituídas por recipientes que enchiam conforme o tempo – do fundo até a borda. Durante esse segundo experimento, os suecos tiveram menos problemas para identificar com precisão o quanto o processo havia demorado. Os espanhóis, no entanto, não repetiram o sucesso do primeiro caso, errando a maioria dos chutes sobre a duração. Para eles, na situação em que o reservatório terminou mais cheio, havia passado mais tempo.

Continua após a publicidade

De acordo com os cientistas, o observado tem relação direta com a maneira como ambas as culturas quantificam o tempo. Ou seja: é mais fácil entender a situação quando ela é mais interpretável a partir da forma como você pensa o mundo. Medir o tempo em volume ou em distância, dessa forma, seria mais vantajoso conforme a aplicação.

Por fim, um terceiro experimento recrutou 74 pessoas bilíngues, capazes de falar fluentemente espanhol e sueco. Sem o idioma para desequilibrar a disputa, os candidatos foram igualmente precisos em determinar o tempo em cada situação. Quando orientados em espanhol, com a palavra-chave “duración”, seu desempenho foi melhor na primeira situação. Quem ouviu as instruções em sueco, e mentalizou a palavra equivalente para duração,“tid”, se deu melhor observando os recipientes que enchiam.

O que tudo isso sugere é que, sob certas condições, a linguagem pode ter um peso maior que a rapidez de pensamento. Isso quer dizer que somente o fato de seus pensamentos serem em certo idioma já pode ser responsável por uma desvantagem em determinada tarefa.

Continua após a publicidade

A boa notícia é que aprender novas línguas significa quebrar essa barreira, nos tornando capazes de perceber nuances que não conseguiríamos antes. “Nossos resultados permitem afirmar que alternar entre linguagens em tarefas do dia a dia confere um melhor aprendizado e melhora nossa capacidade de fazer mais coisas ao mesmo tempo, além de benefícios na saúde mental a longo prazo”, pontua Panos Athanasopoulos, um dos autores do estudo, em um pronunciamento oficial.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.