Denis Russo Burgierman, diretor de redação
Você deve ter notado que esta revista custa R$ 13. Não é pouco, eu sei. É mais que boa parte das revistas – e olha que muitas delas têm papel mais grosso, mais brilhante, uma atitude mais arrogante, mais de quem sabe tudo. Se você desembolsou R$ 13 para ler estas linhas, é porque, de alguma maneira, você enxergou valor aqui neste trabalho que nós fazemos. Temos muito orgulho disso, e muita consciência da responsabilidade que isso implica.
Esta edição fala muito deste assunto: o valor das coisas. É esse o tema central da reportagem de capa, que tenta compreender por que tudo neste país está custando tão ridiculamente caro. Você vai ver que o governo tem culpa, assim como as empresas e sua alma monopolista. Mas, mais que tudo, os preços estão descontrolados porque nossa própria capacidade de compreender quanto as coisas valem está desregulada. Num mundo afundado em mil crises, e num país obcecado com diferenciação social, ninguém mais sabe qual é o preço justo. Taí mais um significado para a tão comentada “crise de valores” que vivemos.
E será que a solução para essa crise é simplesmente se recusar a pagar o preço e mudar-se para fora da sociedade de consumo? É essa a opção do freeganismo, um movimento radical que tenta viver de graça no mundo, sem fazer nenhuma transação comercial. A repórter Carol Pires colou num grupo de freeganistas de Nova York e saiu pela cidade catando comida no lixo, para poder contar como é. É uma reportagem deliciosa, que começa na página 62. Vale o seu tempo.
Continue folheando a revista e, na página 74, você vai encontrar uma reportagem minha sobre o TED, a conferência mais empolgante do mundo, que acontece na Califórnia. Mais uma vez, a discussão é sobre o valor das coisas. Entrar no TED custa no mínimo US$ 7.500, que dão direito a assistir ao vivo a palestras incríveis, que depois serão distribuídas pelo mundo todo – inteiramente grátis. O TED é uma demonstração de que a velha equação de valor que tem regido o mundo – coisas com cada vez menos valor custando cada vez mais caro – pode ser invertida. É a prova de que o mundo ainda é capaz de gerar valor real.
Voltei do TED com a bagagem cheia de roupinhas de bebê (porque as coisas estão caras demais no Brasil) e a cabeça cheia de ideias. Espere deparar-se com elas (as ideias, não as roupinhas) aqui na SUPER não apenas nesta edição, mas ao longo do ano inteiro.
Ficar antenados nas ideias transformadoras que estão mudando a lógica de tudo é nossa obrigação aqui na SUPER. Acreditamos que, assim, entregaremos a você uma publicação que ajude a entender as coisas e a tomar as decisões certas para viver bem. É esse o meu compromisso com você. Prometo que vamos trabalhar duro todos os dias para que a SUPER valha cada centavo que você gasta conosco.
Grande abraço.