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Os mistérios do planeta

O El Niño é uma prova de que o homem ainda desconhece aspectos cruciais do clima terrestre.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 31 mar 1998, 22h00

João Steiner

Inundações, secas, queimadas. A culpa é do El Niño! Agora virou moda. Mas foi só em 1983, ano de desastres globais, que os climatologistas perceberam, pela primeira vez, que havia uma causa comum para muitos dos nossos infortúnios ambientais. Não foi difícil notar que o sinal mais evidente estava na temperatura elevada das águas do Oceano Pacífico. Com isso, descobriu-se um fenômeno que daria muito o que falar. O El Niño em si já era conhecido dos pescadores peruanos há séculos, pois o aquecimento episódico das águas do Pacífico afugenta os peixes.

Mas em 1983 viu-se que o calor oceânico era só uma parte de um fenômeno maior. Um desequilíbrio que envolvia todo o planeta. Sua causa ainda não está esclarecida. O que pode causar desequilíbrio térmico numa massa de água tão grande quanto a do Pacífico? É razoável pensar que se trata de uma oscilação monumental, perturbando o conjunto da atmosfera e dos oceanos. Mas desvendar o mecanismo exato é um desafio. Os astrofísicos conhecem diversos fenômenos gigantes, pois a estrelas podem oscilar por inteiro. Só que, como elas são muito diferentes dos planetas, não ajudam muito. Por outro lado, também não seria muito útil tentar estudar outros planetas para ver se neles ocorre algo semelhante ao El Niño. Infelizmente, o único planeta com oceanos que conhecemos é a Terra.

Seja como for, o El Niño parece ser um fenômeno absolutamente natural, que aparece em registros muito antigos. O que chama atenção é que esse acontecimento, apesar de ser tão forte e marcante na história da Terra, só foi identificado pela ciência há pouco mais de uma década. A variação climática anual que nós chamamos de quatro estações é conhecida desde tempos imemoriais. Não é para menos! A diferença entre o verão e o inverno não só é gritante, como rigorosamente periódica, repetindo-se todos os anos. Mas aí vem o El Niño, que é a segunda perturbação climática mais importante, depois das estações. A demora em identificá-la certamente está associada à sua complexidade. Mesmo com os computadores mais modernos é difícil simular a interação entre oceanos e atmosfera.

Eu me pergunto quantos outros fenômenos –menos significativos, mas mesmo assim importantes e relacionados ao clima –ainda estão por ser descobertos? Quando conhecermos melhor os mistérios climáticos do nosso planeta, talvez algum dia possamos responder a uma questão tão simples quanto esta: vai chover na semana que vem?

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João Steiner é professor de Astrofísica do Instituto Astronômico e Geofísico da USP

Rastro de calor

A língua vermelha cortando o Oceano Pacífico indica que a temperatura do mar subiu ali entre 2 e 5 graus Celsius acima do normal em janeiro. Tudo graças ao El Niño

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