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Pais devem educar menos – e divertir mais seus filhos

Fatores genéticos são mais decisivos no futuro das pessoas do que a criação dada em casa. Em vez de dar lições de moral, é melhor relaxar e "aproveitar a jornada"

Por Bryan Caplan*
Atualizado em 24 abr 2017, 13h31 - Publicado em 15 jan 2012, 22h00

Os pais nunca se dedicaram tanto ao futuro dos filhos. Mães que trabalham fora destinam o mesmo tempo aos rebentos que as donas de casa de 30 anos atrás (em média, 11 horas por semana), embora tenham menos filhos e contem com mais ajuda do marido. Não que as crianças tenham mudado: os pais é que mudaram. Abrem mão do sono e de hobbies para revisar o dever de casa, fazer sessões de leitura noturna e pagar aulas de mandarim.

Leia também: Filhos de mães que trabalham fora de casa se dão melhor na vida

O resultado de tanto esforço é muito menor do que pensamos. Pesquisas com crianças adotadas indicam que a educação dos pais, o que eles ensinam aos filhos ao longo dos anos, quase não afeta seu futuro. Quando pequenas, elas se parecem bastante com a família adotiva e com os pais biológicos que não conheceram. À medida que crescem, há a reviravolta: a semelhança com os pais biológicos continua, mas a com os pais adotivos quase desaparece.

Pais gostam de achar que sua educação é decisiva para a inteligência dos rebentos. A preocupação é tão grande que há quem coloque CDs de Mozart para tocar durante a gravidez. Só que, a longo prazo, a criação tem um efeito mínimo sobre o QI dos filhos. Em 1975, o Colorado Adoption Project estudou 245 crianças adotadas, suas mães biológicas e adotivas. E comparou com 245 bebês que cresceram com pais biológicos. Aos 12 anos, os garotos que cresceram em lares de alto QI não eram mais inteligentes do que os demais. Os exames foram confirmados quatro anos depois. Estudos mostram que isso vale também para a longevidade e sucesso financeiro.

Claro que a criação exerce um impacto sobre os filhos. Mas a maior parte se restringe aos primeiros anos. À medida que os garotos crescem, a influência vai sumindo. Isso acontece até com os valores e hábitos que o casal tenta transmitir. Veja o caso da religião. Pais têm alto impacto sobre o rótulo religioso das crianças: se seus pais são católicos, imagino que você dirá que é católico também. Ok, mas aposto que eles tiveram pouca influência sobre o seu comportamento religioso. Você não vai à missa toda semana só porque seus pais vão. Se for filho biológico, é pouco provável que vá à missa como eles. Se for adotivo, é menos provável ainda.

Portanto, os pais têm razão ao pensar que estão dando um começo brilhante aos filhos. O erro é pensar que esse começo vai durar para sempre. O que devem fazer? Relaxar e curtir mais o tempo com os pequenos. Falo por experiência própria. Sou pai de um bebê e dois gêmeos idênticos de 8 anos. Imponho limites e disciplina, mas procuro me divertir com eles – inclusive com games e Simpsons.

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Muita gente acha que as crianças são como a argila, que pode ser moldada para sempre. Na verdade, elas são como um plástico que responde à pressão – e retorna à forma original quando a força é liberada. Os pais devem parar de pensar que podem moldar seus filhos e apenas aproveitar a jornada.

* Bryan Caplan é economista da George Mason University e autor do livro Selfish Reasons to Have More Kids: Why Being a Great Parent Is Less Work and More Fun Than You Think (sem edição em português).

Os artigos aqui publicados não representam necessariamente a opinião da SUPER.

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