Há algo no ar na cozinha do ferreiro alemão. Hermann Holzhauser. São aviões. Primeiro sobe um monoplano, dá um giro mortal e aterrissa suavemente. A seguir voam bimotores, trimotores e quadrimotores, biplanos e aparelhos de três e ate quatro asas. Desde os 10 anos de idade. Hermann constrói pequenos planadores com uma matéria-prima muito especial: penas e caules de ervas. Mas somente agora, 52 anos mais tarde, ele pode concentrar-se no seu passatempo, a ponto de já ter seu nome incluído no Livro Guinness de Recordes por ter construído o menor engenho voador do mundo – um planador de 6,5 milímetros. “Não há melhor engenheiro que a natureza”, ensina Hermann, que costuma percorrer os arredores de sua casa em busca de penas de rouxinóis, gansos, papagaios e principalmente pombos. Segundo ele, a pena de pombo é a matéria-prima ideal para seus aviões.
Um belo dia Hermann trancou-se na oficina para reconstruir o primeiro planador que havia feito em criança – e desde então não parou mais. Hoje é o líder de uma esquadrilha com mais de 170 modelos diferentes. Essas pequenas obras de arte têm uma aparência frágil, mas sua estrutura é notavelmente resistente. O que se poderia chamar de motor é um elástico retorcido. Por meio de um finíssimo cabo de aço, fixa-se o elástico sob a fuselagem até a popa, a parte de trás, de onde pende de um gancho de alumínio. As pás da hélice, formadas por plumas recortadas, saem de uma tala de erva. Hermann emprega um mini- torno para retorcer o elástico que faz a hélice girar.
Afinal, o eixo da hélice deve ser girado pelo menos cinqüenta vezes, um serviço fatigante se feito manualmente. Mas os recursos mecânicos terminam aí. Cada avião requer um equilíbrio perfeito, só conseguido por um trabalho realmente artesanal. Os ângulos das plumas que compõem o plano de sustentação do avião e do estabilizador de vôo traseiro devem estar corretamente orientados pelos princípios da aerodinâmica. As hélices também merecem um cuidado-especial, pois elas imprimem direção ao vôo.
Uma palheta faz com que as penas da hélice a golpeiem quando em movimento, produzindo um som muito parecido ao ronco de um motor. Os coloridos aeromodelos de Hermann voam necessariamente em recintos fechados, pois qualquer corrente de ar pode carregá-los para longe.