Sofrer bullying de irmãos aumenta em 3 vezes risco de distúrbios psicóticos
Os sintomas podem aparecer só no início da vida adulta.
Muitos estudos avaliam as consequências do bullying que acontece nas escolas e na internet. Mas, pela primeira vez, um grupo de pesquisadores se dedicou a analisar o que acontece quando o bullying vem de dentro de casa. E a notícia é triste: quem sofre bullying de um irmão ou irmã tem três vezes mais chance de desenvolver um distúrbio com sintomas psicóticos, como a esquizofrenia, no início da vida adulta.
A pesquisa, feita na Universidade de Warwick, na Inglaterra, avaliou 3.600 crianças, dos 12 aos 18 anos de idade. No início da pesquisa, elas respondiam a um questionário enorme sobre bullying. Com base nas respostas, elas foram divididas em três grupos: as que faziam bullying com seus irmãos, as que sofriam bullying de seus irmãos e as que se alternavam (faziam e sofriam bullying).
Seis anos depois, ao fim da pesquisa, poucas crianças tinham desenvolvido distúrbios psicológicos: só 55. Mas o surgimento dos sintomas estava estatisticamente associado à frequência com que essas crianças experimentavam bullying em casa. Pelos cálculos dos pesquisadores, quanto mais frequentes esses episódios, maior a chance de, aos 18 anos, os sintomas aparecerem.
Vale lembrar que correlação não é causa. Mas, para os autores da pesquisa, os resultado indicam que a experiência com bullying em casa durante a infância pode ser um forte gatilho para uma série de doenças mentais na vida adulta, especialmente para as crianças já com predisposição genética para esse tipo de distúrbio.
O estudo também avaliou o que acontece quando, além de ter que lidar com o bullying de irmãos, a criança também sofre com o mesmo problema com os colegas da escola. “As crianças passam um tempo substancial com seus irmãos no confinamento de casa. O bullying e a exclusão pode levar à sensação de derrota e culpa, além de doenças mentais sérias, como mostramos pela primeira vez”, explicam os pesquisadores. “Se o bullying acontecer em casa e na escola, o risco é maior porque, para esses adolescentes, não existe lugar seguro”.