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Uma década em jogo

Tente sua sorte numa típica paciência de baralho baseada na soma de cartas. Você vence se tirar todas da mesa.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 31 ago 1997, 22h00

Luiz Dal Monte Neto

Dez anos de SUPER. Nesse tempo, só lamento não ter iniciado minha participação logo no primeiro número, mas também estou feliz, apagando minhas oito velinhas. Tenho motivo para isso: esta seção tem sido uma fonte de prazer permanente para quem a escreve. Espero, talvez com uma certa pretensão, que ela também o seja para você.

Matamos o tempo e o tempo nos enterra, mas estamos sempre brincando com sua passagem, contando os dias, os meses, os anos. Para comemorar a primeira década da nossa revista, vamos brincar um pouco de contar cartas.

Existe uma família de paciências com baralho – jogos para apenas um participante, embora haja algumas exceções para duas pessoas – cujo mecanismo básico consiste em ir somando as cartas, com a expectativa de atingir certos totais. Não me ocorre melhor exemplo para esta ocasião do que a chamada Década.

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Para praticá-la, o leitor precisará de um baralho comum, sem curingas (52 cartas). Após embaralhá-las e pôr o maço à sua frente, com a face para baixo, deve-se iniciar a construção de uma fila única de cartas, da esquerda para a direita, com as faces voltadas para cima. O leitor deve somá-las mentalmente à medida que vão sendo alinhadas. O valor do ás é um e o das figuras (valete, dama e rei), dez. As demais cartas valem os números nelas impressos. Se o espaço for insuficiente, a fila pode ir serpenteando pela mesa, sem problemas.

Sempre que o acréscimo da última carta colocada totalizar dez, vinte, ou trinta, com uma ou mais cartas anteriores, o jogador pode retirá-las da fila e do jogo. Mas é preciso que as cartas que atuam como parceiras estejam adjacentes uma a uma – em outras palavras, não pode haver interrupção entre elas.

O objetivo é retirar todas as cartas da mesa. Se o jogador conseguir, vencerá; senão, no caso de o maço se esgotar e o jogo se bloquear, deverá reembaralhar tudo e começar novamente. Ao contrário do que possa sugerir seu nome, esta paciência não tardará em brindar o leitor com uma vitória.

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Existem variantes da Década. Uma delas consiste em dispor treze cartas sobre a mesa, em duas fileiras de cinco e uma de três. Então, buscam-se entre elas duas cartas que somem dez e retiram-se ambas do jogo. Aqui só vale total igual a dez e somar apenas duas cartas por vez. A exceção fica por conta das figuras e do dez, que só podem ser removidos de quatro em quatro (quatro dez, quatro valetes etc.). Se houver, digamos, só três reis sobre a mesa, eles terão de permanecer lá, até que surja o quarto rei.

Nos espaços que forem ficando vagos, colocam-se novas cartas retiradas do maço. O jogador vencerá se conseguir tirar todas as cartas da mesa. Mas é bom saber que esta variante é muito mais difícil de ser bem-sucedida do que a paciência original. Há outras paciências baseadas em somas, perseguindo outros totais com regras parecidas, mas com detalhes específicos. Aliás, esse é um terreno fértil para quem gosta de criar e testar novos jogos. Fique à vontade para fazer suas próprias experiências.

Ah, e vida longa à SUPER! Do mesmo modo que hoje ensinei a Década, quem sabe alguém – evidentemente não mais eu –, daqui a noventa anos, possa estar aqui explicando o jogo de dados chamado Centennial!

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Luiz Dal Monte Neto é arquiteto e designer de jogos e brinquedos

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