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A história do mundo em 6 obras de arte

O caminho que uma peça de arte faz até virar estrela de museu às vezes é tortuoso. Algumas testemunharam revoluções. Outras, perseguição política.

Por Bruno Moreschi
Atualizado em 25 abr 2017, 17h01 - Publicado em 26 Maio 2011, 22h00
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  • 1. A COLEÇÃO DE MALEVICH

    (Kazimir Malevich/Domínio Público)

    PERÍODO – Século 20
    EXPLICA – Stalinismo / 2a Guerra

    1. BERLIM
    Em 1927, o russo Kazimir Malevich vai a Berlim expor cerca de 70 obras. O regime de Stálin o chama de volta à União Soviética – era suspeito de oposição, como muitos artistas, professores e cientistas. Na pressa, os quadros ficam em Berlim.

    2. BANIDOS
    A arte de Malevich é considerada subversiva em seu país, e o pintor não consegue retirar os quadros da Alemanha. Eles ficam abrigados com um amigo seu, que morre em 1958. A família desse amigo vende todas as obras de Malevich.

    3. EUA
    Peggy Guggenheim, americana herdeira de uma fortuna, leva 6 obras. Ela havia começado sua coleção de arte durante a 2ª Guerra. Com a Europa enfraquecida, artistas vendiam seu trabalho por uma ninharia. As obras compradas por Peggy ajudariam, nos anos seguintes, a tornar os EUA um polo das artes.

    4. DESAPARECIDOS
    A maior parte da coleção se espalha pelo mundo. Mais tarde, 17 obras são encontradas e compradas pelo museu holandês Stedelijk. O restante segue ainda hoje com paradeiro desconhecido.

     

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    2. MONA LISA

    (Leonardo da Vinci/Domínio Público)

    PERÍODO – Século 16-hoje
    EXPLICA – Renascimento / Revolução Francesa

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    1. FLORENÇA
    Em 1507, após quatro anos de trabalho em seu estúdio em Florença, o pintor Leonardo da Vinci termina Mona Lisa, hoje considerada a pintura mais famosa do mundo. O quadro não tinha comprador, foi feito por Da Vinci por vontade própria. Por isso a obra ficou durante anos com o pintor.

    2. PARIS
    Mona Lisa e Da Vinci seguem juntos até o pintor trocar Florença por Paris, em 1516. A mudança acontece a convite de Francisco 1º, rei francês que chamava artistas da Itália para morar na França e, assim, difundir o Renascimento no país. Quando vê Mona Lisa, Francisco 1º não tem dúvidas e a compra na hora.

    3. DA REALEZA
    A obra fica em uma das moradas do rei, o Château Fontainebleau, até 1726 – quando Luís 15 assume o trono e a leva para o Palácio de Versalhes, onde a realeza fica longe das revoltas populares de Paris.

    4. DO POVO
    Com a Revolução Francesa, a Mona Lisa é transferida para o Museu do Louvre, onde todo o povo pode apreciá-la. Pelos ideais revolucionários, obras de arte não deveriam ficar restritas aos nobres.

    5. DE NAPOLEÃO
    O imperador acaba com a festa. Em 1800, depois de tomar o poder, ele tira a obra do Louvre e a leva para o Palácio de Tuileries, onde morava. Mais precisamente para uma parede de seu quarto, logo acima da cama.

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    6. DO POVO DE NOVO
    Fim do império napoleônico: Mona Lisa está de volta ao Museu do Louvre para que toda a população possa vê-la. A essa altura, a tela de Da Vinci já está famosa e é considerada uma obra-prima.

    7. ESCONDERIJO
    Em 1870, Napoleão 3º inicia um conflito com a Prússia. Por medo de uma invasão em Paris, Mona Lisa e outras obras são guardadas em um complexo militar na cidade francesa de Brest.

    8. QUASE ITÁLIA
    Enfim, paz. De volta ao Louvre. Até que a obra é roubada em 1911. Por dois anos Mona Lisa fica nas mãos de um ex-funcionário do museu. Italiano, ele tentava devolver à Itália as obras do Renascimento. Não deu. Hoje Mona Lisa segue sendo vista pelo povo: 8 milhões de turistas por ano.

     

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    3. O SONHO DA RAZÃO PRODUZ MONSTROS

    (Francisco de Goya/Domínio Público)

    PERÍODO – Século 18-hoje
    EXPLICA – Auge do socialismo / Guerra Fria

    1. ESPANHA
    Em 1799, o pintor espanhol Francisco de Goya faz 80 gravuras que satirizam os costumes da nobreza e do clero. Uma delas, chamada O Sonho da Razão Produz Monstros, se perde do conjunto e é dada como desaparecida.

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    2. GAVETA
    Quase dois séculos depois, Enrique Tierno, fundador do Partido Socialista Popular da Espanha, encontra a gravura em sua coleção. Ele acha que a obra tem um estilo parecido com o de Goya, mas não percebe que é um original.

    3. BELGRADO
    Tierno dá a gravura ao colega de socialismo Josip Tito. Presidente da Iugoslávia, Tito trabalhava para distanciar o país da Guerra Fria, evitando alinhar-se à URSS. Manteve a gravura em sua casa oficial, em Belgrado, até morrer, em 1980.

    4. COZINHA
    Fim da Guerra Fria: a Iugoslávia se separa em várias repúblicas. Slobodan Milosevic, presidente da Sérvia e, depois, da Iugoslávia, ocupa a casa de Tito. Ele detesta a gravura e pede que a joguem no lixo. Um funcionário a deixa na parede da cozinha.

    5. RECONHECIMENTO
    Após revoltas populares, Milosevic renuncia em 2000. A imprensa vê a gravura e especula se pode ser de Goya. A confirmação vem em 2002, e a obra é devolvida à Espanha.

     

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    4. GUERNICA

    (Pablo Picasso/Domínio Público)

    PERÍODO – Século 20
    EXPLICA – Franquismo / 2a Guerra / Nacionalismo basco

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    1. ESPANHA
    A cidade espanhola de Guernica é bombardeada pelos nazistas em 1937. Abalado pela notícia, Pablo Picasso – crítico do nazismo e defensor da democracia na Espanha – pinta Guernica, retratando o sofrimento das vítimas.

    2. EUA
    2ª Guerra: Picasso teme que o ditador espanhol Franco – que apoia Hitler – destrua a tela. Ele cede a obra ao museu MoMA, de Nova York. Pede que ela seja devolvida quando houver democracia na Espanha.

    3. ESPERA
    A democracia espanhola não vem e Guernica viaja por museus. Passa por São Paulo em 1953. O Brasil entrava no circuito artístico, com a recente criação da Bienal de arte.

    4. RETORNO
    Com a morte de Franco, a Espanha tem eleições em 1977. Guernica volta ao país. Está em Madri, apesar de protestos para que vá para o País Basco, onde fica a cidade de Guernica.

     

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    5. MANTO TUPINAMBÁ

    (MANTO TUPINAMBÁ/Domínio Público)

    PERÍODO – Séculos 16 e 17
    EXPLICA – Grandes navegações

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    1. BRASIL
    O manto indígena foi produzido por índios brasileiros tupinambás por volta de 1500. Era usado pelo pajé, em eventos religiosos da tribo. Só há mais três mantos desse tipo no mundo.

    2. HOLANDA
    Em 1637, holandeses ocupam o Nordeste brasileiro interessados em açúcar. O conde Maurício de Nassau é o responsável pela administração. Ele ganha o manto de um pajé e o leva para a Holanda.

    3. DINAMARCA
    De volta à Europa em 1645, Nassau dá o manto à família real dinamarquesa. É um mimo a um reinado amigo: Holanda e Dinamarca trocavam figurinhas sobre negócios.

    4. TURNÊ
    A família real da Dinamarca exibe o manto em viagens pela Europa. No século 17, era grande o interesse dos europeus por peças do Novo Mundo.

    5. (NÃO) É COISA NOSSA
    O manto só retorna ao Brasil em 2000, para uma exposição. Não há registro de pedido do governo brasileiro para que obras indígenas como essa voltem ao país, segundo o Ministério da Cultura.

     

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    6. RETRATO DE ADELE BLOCH-BAUER

    (Gustav Klimt/Domínio Público)

    PERÍODO – Século 20
    EXPLICA – Nazismo

    1. ÁUSTRIA
    Em 1905, Gustav Klimt termina o retrato de Adele Bloch-Bauer. Adele era esposa de um empresário do setor açucareiro e vivia em Viena, então pólo de riqueza e produção cultural.

    2. HERANÇA
    Adele morre e o quadro fica com seu marido. Judeu, ele se vê obrigado a deixar a Áustria quando os nazistas ocupam o país. A obra fica com sobrinhos que moram no país.

    3. FUGA
    A perseguição aos judeus continua. Maria Altmann, sobrinha do casal Bloch-Bauer, também resolve deixar a Áustria. Vai morar nos EUA.

    4. ROUBO
    O retrato de Adele é confiscado pelo regime nazista, como outras 650 mil obras que pertenciam a judeus na época da 2ª Guerra Mundial.

    5. RESGATE
    Em 1999, Maria consegue na Justiça a posse do retrato de sua tia. Nos últimos 50 anos, cerca de 25 mil obras roubadas pelos nazistas voltaram a seus donos judeus.

    6. VENDA
    Sob protesto de judeus de todo o mundo, Maria vende a obra junto com outros trabalhos de Klimt. Leva US$ 135 milhões pelo conjunto em um leilão.

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