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A História do Rock – New Wave

A doce melancolia de The Cure, Joy Division, Smiths...

Por Ivan Pinotti
Atualizado em 2 set 2019, 13h08 - Publicado em 10 ago 2019, 13h06
(Ian Dickson/Getty Images)

O new wave (nova onda) está atrelado ao punk de diversas formas. Muitas dessas bandas, por exemplo, começaram como punks. Mas as limitações do que se estabeleceu ser punk, como músicas de menos de três minutos, rápidas e muitas vezes mal tocadas, levou alguns a buscar uma sofisticação maior em suas canções.

Se o punk enterrou o mito do superstar, o new wave não deve ser visto como o movimento que enterrou o punk, mas sim como uma continuação desse.

Hoje isso pode parecer estranho, quando se olham os excessos visuais e musicais de algumas dessas bandas. Mas, no começo dos anos 1980, era simples: se o punk ensinou o Faça Você Mesmo, o pessoal do new wave mostrou que não era preciso ser punk para isso.

Com enormes cabelos desgrenhados e um forte batom vermelho, Robert Smith, cantor, compositor e guitarrista do Cure, é um ícone dos roqueiros góticos – ou darks, como se falava no Brasil nos anos 1980. É justo, em se tratando da banda cujo primeiro single, em 1978, foi “Killing an Arab”, uma adaptação do livro O Estrangeiro, do escritor e filósofo existencialista franco-argelino Albert Camus. Outros hits sombrios atendiam por nomes como “A Forest”, “Charlotte Sometimes” e “The Hanging Garden”. Mas também pode não ser tão justo assim, uma vez que há muitas canções alegres e dançáveis na carreira da banda, como “Let´s Go to Bed”, “The Lovecats” ou “Friday I’m in Love”. O fato é que o Cure é uma fábrica de grandes hits que atira para vários lados e acerta o alvo na maioria das vezes. Quando a banda lançou a impressionante coletânea Standing on the Beach, em 1986, podia-se pensar que o Cure já tinha feito muito pela música. Mas foi só depois disso que atingiu o ápice do sucesso, com a trilogia Kiss Me Kiss Me Kiss Me (1987), Disintegration (1989) e Wish (1992), atingindo com esse último, finalmente, o primeiro lugar de vendas na Inglaterra – e segundo nos EUA. (Fin Costello/Getty Images)
Difícil encontrar uma banda mais soturna do que o Joy Division. E, uma vez que, após o suicídio de seu líder em 1980, os remanescentes formaram o luminoso New Order, fica claro que toda essa nuvem negra estava em cima da cabeça de Ian Curtis, que se enforcou em sua cozinha às vésperas da primeira turnê americana da banda. O Joy Division havia lançado apenas um LP, Unknown Pleasures, até então, mas Closer estava pronto e saiu dois meses após o suicídio. O guitarrista Bernard Sumner assumiu a liderança e os vocais da segunda encarnação. E, ao incorporar música eletrônica, o New Order se tornou uma das bandas mais influentes do rock. (Bob Berg/Getty Images)
Com música eletrônica tosca, coreografias robóticas e uniformes ridículos, o Devo esculachou a sociedade americana por quase 20 anos. A banda universitária, liderada pelos amigos Bob Casale e Bob Mothersbaugh, parecia um bando de idiotas. Na verdade, o idiota era o público que eles satirizavam e que, sem saber disso, comprava seus discos – Devo, segundo o grupo, significava “de-volution”, algo como “involução”. Formado na universidade Kent State em 1972, o Devo demorou para decolar. Um passeio no YouTube vai revelar o punk rock dos dias iniciais da banda, que só viria a lançar o primeiro disco em 1978. Naquela época, a batida mecânica do Devo foi rotulada de new wave, juntamente com B-52’s, Talking Heads e outros artistas da cena universitária. (Eric Blum/Getty Images)
Laquê. Isso é o que salta aos olhos nos primeiros vídeos do Duran Duran. Por trás dos penteados armados e da batida robótica do sintetizador, havia algumas das melodias mais inspiradas do rock inglês. Os rapazes empertigados foram alçados ao estrelato pela MTV, com vídeos que contavam historinhas – “Save a Prayer” e “Hungry Like The Wolf”, ambas do disco Rio (1982), fizeram sucesso até no Fantástico. O Duran Duran foi o maior expoente daquilo que a imprensa especializada batizou de new romantic ou synth pop. À medida que a banda amadureceu, passou a explorar outras sonoridades, como o soul e o trip hop. Mas o tempo foi cruel com os dândis: agora tiozões com pés de galinha e uma série de plásticas, eles não têm 10% do carisma da juventude. (Divulgação/Reprodução)
Apesar de ativa apenas por cinco anos, os Smiths deixaram uma marca muito forte no rock. As letras profundas e literárias de Morrissey aliadas à guitarra absolutamente original e dançante de Johnny Marr agradaram aos ingleses logo de cara, mas não chegaram a convencer os americanos. Seu primeiro álbum, The Smiths, foi direto para o segundo lugar em vendas na Inglaterra. E a banda nunca saiu das alturas por lá. Meat is Murder chegou a primeiro em 1985, enquanto The Queen is Dead (1986) e Strangeways Here We Come (1987) também marcaram a segunda posição. Uma curiosidade é que os Smiths resgataram uma prática comum nos anos 1960 e lançaram uma série de singles cujas músicas não podiam ser encontradas em seus LPs. Foram dez compactos com duas ou três músicas cada. Isso abriu caminho para uma batelada de coletâneas, sem as quais o fã de outros países fica sem conhecer muito do que a banda produziu de melhor. Morrissey seguiu uma carreira solo relativamente bem-sucedida, mas nunca chegou à altura de sua ex-banda, a preferida dos desajustados sensíveis, dos que sofrem de bullying, dos que são humanos e precisam ser amados, como qualquer outra pessoa precisa. (Divulgação/Reprodução)
Disfarçados de popstars da new wave, os três integrantes do Police eram, na realidade, membros da realeza musical da Inglaterra. Sting, baixista e cantor, compõe como poucos. Sua voz, um tenor afinadíssimo, também foi decisiva para o sucesso da banda. Andy Summers, guitarrista, enfiou no repertório do Police dedilhados impossíveis e harmonias tão estranhas quanto complexas. Stewart Copeland, o baterista, é uma das grandes referências mundiais dos tambores. Nenhum deles era modesto. Por incrível que pareça, a união desses três egos deu muito certo – por pouco tempo, mas deu – na construção de canções comerciais que camuflavam uma intrincada estrutura musical. Sychronicity, o álbum de maior sucesso, radicalizou tanto no pop quanto no experimentalismo. “Every Breath You Take”, “King of Pain” e “Wrapped Around Your Finger” elevaram o Police ao estrelato mundial, mas um punhado de faixas é impenetrável. Àquela altura, nenhum dos três aturava os outros dois. Sting saiu para uma carreira solo muito bem-sucedida, e a banda se dissolveu. (Phil Dent/Getty Images)
Rara banda de sucesso a surgir na Irlanda, o U2 se tornaria uma das maiores bandas de rock do mundo graças a uma série de fatores. Em primeiro lugar, o carisma de seu cantor, Bono, e suas preocupações sociais (ele tirou seu nome de uma loja de aparelhos de surdez de Dublin que chamava Bona Vox). Depois, o guitarrista The Edge e sua forma muito peculiar de tocar, criando uma original textura baseada em efeitos. E tem os shows. Com turnês ambiciosas que contam alta tecnologia, a banda deu um passo adiante ao que o Pink Floyd costumava fazer nos anos 1970. A primeira fase do grupo, no qual eles faziam o que se convencionou chamar de pós-punk, traz um rock hipnótico, com temas como guerra civil, líderes mundiais e hecatombes nucleares. Os discos War e Unforgettable Fire, de 1983 e 1984, são os melhores exemplos disso. Mas foi com The Joshua Tree que eles conquistaram o mundo e se tornaram fundamentais. O disco tem a América como tema e ficou em primeiro lugar nas paradas em mais de 20 países. Esse feito se repetiria com sete álbum posteriores, nos quais não tiveram medo de abraçar o eletrônico, o pop, voltar às raízes ou cantar temas de amor. (Virginia Turbett/Getty Images)

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