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A trajetória das 4 mulheres mais f… de Game of Thrones

Não sabemos quem morrerá no episódio de domingo, mas podemos ao menos relembrar o que trouxe cada uma delas até aqui.

Por Maria Clara Rossini
26 abr 2019, 20h14

As personagens femininas de Game of Thrones estão longe de ser bondosas, honestas, e perfeitas. E é exatamente por isso que gostamos delas. Seus defeitos) foram peças-chave para o amadurecimento de cada uma – seja como heroína ou vilã, seja no Trono de Ferro ou no campo de batalha.

No último episódio da série, assistimos a uma possível conclusão da jornada de uma das mulheres mais queridas da série. Brienne de Tarth foi nomeada oficialmente cavaleira de Westeros, um feito que mulher alguma tinha alcançado nos Sete Reinos. E, convenhamos, se existe alguém mais adequado para honrarias de combate do que Brienne… Essa pessoa não vive no Mundo de Gelo e Fogo.

Mas a trajetória de Brienne foi, digamos, mais linear que a média. Ao longo da série, tivemos muito mais idas e vindas, contratempos e readequações, com as quatro principais mulheres da série – e, aqui, vamos explorar as jornadas delas em detalhes. Relembre os caminhos que elas seguiram para conseguir sobreviver até a última temporada.

De sonsa à Lady de Winterfell

Sansa era a personagem mais estereotipada da família Stark – a garota mimada que sonhava em casar com um príncipe. Ela estava disposta a levar a fantasia ao extremo – no início, mal importava que o tal príncipe dos sonhos fosse o Joffrey. Sua grande felicidade foi se mudar de Winterfell para Porto Real. E aí, é claro, as coisas começam a mudar drasticamente. Primeiro, ela presencia a morte de seu pai, Ned Stark, segundo as ordens desse tal príncipe.

Mesmo com ódio mortal ao seu futuro marido, ela é obrigada a manter as aparências para permanecer viva. A forma dela de fazer isso não agradou muito os fãs – Sansa era a própria mosca morta da série. Só vamos descobrir depois o que ela tirou de tudo isso, permanecendo na corte dos Lannister e aprendendo o funcionamento do jogo dos tronos com quem melhor entende: Cersei.

Quando achou que havia se livrado da família que matou seu pai – Margeary Tyrell entra em cena e, para seu alívio, “rouba” Joffrey – ela é forçada a casar com outro Lannister: Tyrion. Menos pior. Só que aí, ela recebe notícias sobre a morte de sua mãe e irmão mais velho. E o pior: não recebe notícias do paradeiro de seus três irmãos mais novos, muito menos sabe se estão vivos ou não.

O seu maior momento de prazer até aqui, ainda enquanto morava em Porto Real, foi assistir a morte agonizante do garoto que mandou matar seu pai. E aqui temos o ponto de virada de Sansa – quando ela foge com Mindinho para o Ninho da Águia.

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É só nessa hora que Sansa abandona de verdade o ar de mosca morta – e começa a mostrar que existe um bom tanto de estratégia na sua cabeça ruiva. A velha Sonsa teria confiado demais no senhor – que bizarramente revive nela o amor que sentia por sua mãe. Teria ido para os braços da tia Lisa Arryn sem nem imaginar que alguém da sua própria família poderia querer lhe fazer mal.

As voltas que Sansa dá em Petyr Baelish – sem deixar de torná-lo um aliado enquanto lhe foi útil – é um grande marco da transformação de Sansa.

Curiosamente, Sansa é um exemplo da pessoa que só evolui por caminhos tortos. Enquanto ela estava cerca de pessoas boas, não aprendeu nada. Seu maiores momentos de evolução foram os que ela passou perto das pessoas mais maquiavélicas – e eventualmente cruéis – da série.

Tudo isso, é claro, veio com um preço muito caro. E um segundo casamento forçado. No seu retorno a Winterfell – onde ser Sonsa nunca tinha lhe feito mal – ela encontra sua casa dominada pela família Bolton, se torna a esposa de Ramsay e sofre um dos abusos sexuais mais terríveis já mostrados na série. É o penúltimo capítulo numa das transformações mais inesperadas da série.

A Sansa que tinha pouco apego familiar, e não pensou duas vezes em ir para Porto Real não é a mesma que decide se arriscar assim que sabe que parte dos seus irmãos ainda está viva. Após ter retomado Winterfell ela mata Ramsay Bolton, algo inimaginável para a menina que conhecemos na primeira temporada. Mas é apenas quando ela manipula e mata Mindinho que Sansa realmente ganha o respeito de todos ao seu redor e é reconhecida legitimamente como Lady de Winterfell.

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Cersei e Mindinho lhe ensinaram estratégia – mas quando ela finalmente entende que o lobo sozinho perece, mas a alcatéia sobrevive, aí é que a transformação de Sansa é completa.

De menino disfarçado ao amadurecimento sexual

Arya é o exato oposto da irmã. Ela nunca se encaixou no padrão que se esperava da filha de um lorde – o que lhe rendeu simpatia imediata do público.

A personagem aprendeu seus primeiros golpes em aulas com o espadachim Syrio Forel. Infelizmente, elas não puderam ajudar em um dos momentos mais traumáticos de sua vida: a menina também viu o próprio pai ser decapitado. A partir desse momento, ela pega a estrada e se disfarça de menino, com medo de ser encontrada pelos Lannister.

Ela vive como nômade durante praticamente toda a sua história. É transitando por Westeros e Essos que ela cresce e aprende a sobreviver. Esse fato traz um brilho especial à personagem. Ela constrói seu conhecimento por meio de experiências com culturas muito diferentes, de nobres em Porto Real a homens sem rosto em Braavos. É um desses, aliás, que lhe entrega a moeda com os escritos Valar Morghulis.

Depois de fugir e ser capturada muitas vezes pelos Sete Reinos, Arya muda de continente. Ela vai atrás dos tais homens sem rosto e começa a treinar com eles. O objetivo é aprender a se tornar ninguém — uma pessoa capaz de mudar seu rosto e identidade.

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Nesse processo ela aprimora suas técnicas de luta e chega até a ficar cega, mas atinge seu propósito: agora a personagem pode assumir o rosto de qualquer pessoa.

Antes de voltar para Winterfell, Arya usa esse novo dom para matar Walter Frey, o homem que conspirou para assassinar sua mãe e irmão. Diferente de Sansa, ela já estava acostumada a fazer seus inimigos sangrarem.

Depois de tudo isso, por incrível que pareça, foi o seu amadurecimento sexual que chocou o público de Game of Thrones. Na beira de um provável fim da humanidade, ela quis ter a sua primeira experiência sexual com alguém que confiasse, e o Gendry foi a escolha. Uma informação aos mais escandalizados: mesmo com o rosto de criança, Arya já completou 18 anos na série (e, na vida real, Maisie Williams tem 22 anos).

De mercadoria à mãe dos dragões

Daenerys cresceu à sombra de seu irmão Viserys – um completo maluco com ilusões de grandeza. Toda a sua família foi traída e morta em Westeros, deixando os dois como únicos Targaryen vivos. Sem nenhum tipo de bens, eles vivem de favor, cercados por gente que alimenta as ideias tortas de Viserys. Ele acredita ter direito ao trono, e ela é simplesmente usada como peça de troca para atingir esse objetivo.

A personagem foi vendida para casar com Khal Drogo em troca do exército Dothraki. O intuito do acordo era especificamente usá-la para reprodução, visto que o casamento só ocorreu após sua primeira menstruação. O plano dá certo, pois ela de fato engravida.

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Acontece que Daenerys encontra em Drogo a referência de poder e liderança que Viserys nunca foi. Ela começa a acreditar que os Targaryen tem direito ao trono usurpado – mas percebe que seu irmão não tem a menor condição de chegar lá. Aos poucos foi absorvendo a força e autoridade de Drogo, até começar a desprezar Viserys e deixá-lo para morrer. Com perdas desse tipo ela também acaba tendo que se acostumar – marido e filho também morrem ainda na primeira temporada.

Contrapondo a perda, nascem seus outros filhos: três lindos dragõezinhos, os primeiros em centenas de anos a surgir. Eles representam tanto a família quanto o poder de Daenerys. Em respeito à mãe dos dragões, o khalasar (ou tribo) de Drogo passa a seguí-la e protegê-la.

Sua jornada em Essos está muito relacionada à luta pela igualdade social — mesmo que às vezes aconteça por vias questionáveis e cruéis. Ela libertou o exército dos Imaculados em Astapor e os escravos em Yunkai. É claro que ela não fez isso só porque era boazinha — Daenerys pretendia reunir exércitos para lutar pelo Trono de Ferro.

Para conquistar esses exércitos, é necessário inspirar respeito. Quando capturada pelos Dothraki, ela mata todos os seus líderes e mostra seu poder de resistência ao fogo, quase como uma entidade divina. A tribo, obviamente, achou essa uma boa demonstração de poder.

A mãe dos dragões finalmente volta a Westeros com milhares de pessoas aos seus pés. Ela se transformou de escrava sexual a uma verdadeira ameaça ao trono. Mas como estamos falando de Game of Thrones, é claro que ela precisa ter alguma desvantagem na batalha. Daenerys perde um de seus dragões, Viserion, para o exército dos mortos.

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Daenerys fecha seu ciclo de busca incessante pelo trono… Quando decide que esse não é seu objetivo imediato. Tudo que ela aprendeu com Viserys a não fazer, todas as cautelas com as armadilhas em Qarth, Mereen e até Vaes Dothrak, que já tinha sido seu lar: a princesa do pé atrás aprendeu a trocar as ilusões de grandeza por um pouco de paciência. Ainda que todo mundo saiba que paciência de dragão tem limite…

De esposa à rainha

Cersei permaneceu dentro do castelo de Porto Real do início ao final da série. Parece não ter mudado muito de posição, certo? Pelo contrário. Mesmo sendo esposa do rei Robert Baratheon, ela nem ao menos estava na fila de sucessão ao trono. Intencionalmente ou não, todos os possíveis reis que viriam antes dela acabaram morrendo: Ned Stark (por indicação de Robert), Joffrey, Renly, Stannis e Tommen Baratheon.

A personagem foi casada por anos com um homem que não a amava. Em um determinado momento da vida Cersei era Sansa: ela também sonhava em casar com um príncipe herdeiro do trono, um príncipe bonito, sensível e mágico. Do mesmo jeito que Sansa não realiza suas ilusões com Joffrey, Cersei se frustra com Robert – inicialmente ela pretendia casar com Rhaegar Targaryen, que a trocou por Ellia Martel (e depois por Lyanna Stark).

Mesmo sendo considerada a mulher mais linda dos Sete Reinos, Robert só pensava na mulher por quem era apaixonado, e que morreu antes que ele se casasse com Cersei. A mulher? Lyanna Stark, de novo. A grande pedra no sapato dos sonhos Sansísticos de Cersei – mesmo depois de morta.

Bem, num certo momento, ela se torna a Cersei que amamos (ou odiamos). E esse ponto de virada ocorre depois do que imaginamos nas primeiras temporadas.

No início da série, Cersei é arrogante (e pratica incesto, é verdade), mas ela não é uma assassina. Durante a maior parte da série, somos levados a acreditar que ela, o pai e o irmão mataram Jon Arryn, a Mão do Rei, para esconder segredos e ganhar mais poder.

Esse é o fator realmente incrível na série – mesmo um fato que faz tanto sentido pode estar errado. Cersei não matou ninguém… Até que ela decide matar Robert. É nesse momento que nasce a Cersei Rainha progressivamente livre de empatia.

O que não ocorre completamente sem motivo. Por mais cruel que fosse, Cersei era completamente apaixonada por seus filhos e procurava a ascensão da casa Lannister. Ela manda sua filha Myrcella para Dorne acreditando que lá estaria mais segura. Ainda assim, Cersei presenciou a morte de seus três únicos descendentes.

Joffrey morre envenenado em seu casamento com Margeary Tyrell. Tommen assume o trono e logo se apaixona pela viúva do irmão, tornando-a sua rainha. Cersei a vê como uma ameaça e pretende reconquistar Tommen

Pensando que pode causar a ruína dos Tyrell, Cersei faz uma aliança com o Alto Pardal, líder de uma seita religiosa da Fé dos Sete. Ela de fato consegue que a seita prenda Margeary por seus pecados, mas ela mesma também acaba na prisão acusada de assassinato e incesto.

Esse é provavelmente o momento em que a personagem mais endurece psicologicamente. Ela sofre maus tratos na cela e é forçada a fazer a famosa Caminhada da Vergonha, em que caminha nua pelas ruas de Porto Real enquanto é xingada e agredida pelos cidadãos. Myrcella, sua única filha mulher, também morre envenenada nesse período.

É nesse ponto que ela passa a assumir o controle de tudo ao seu redor. Cersei perde qualquer ilusão de amor e família que ela tenha alimentado ao longo da viva. Durante o julgamento de Margeary, em que todos seus inimigos estão reunidos no Septo de Baelor, ela e Tommen permanecem no castelo. E logo vemos o Septo sendo consumido por fogo-vivo, o assassinato em massa arquitetado por ela.

Esse mesmo acontecimento resulta no suicídio de seu último herdeiro, que não aguenta assistir a morte de Margeary. Dessa vez, Cersei encara a morte do filho de maneira mais fria, resultado de todo o caminho que percorreu até o momento. Ela passa por cima de qualquer possível sucessor ao reino que ainda existisse e se torna a primeira mulher a sentar no trono de ferro.

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