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Super Bowl LVII: afinal, como funciona um jogo de futebol americano?

Se você nunca entendeu o esporte, chegou a hora: explicamos as principais posições, as regras, e até, veja só, as faltas (pois é, não vale tudo).

Por Bruno Vaiano e Marina Motomura
Atualizado em 10 fev 2023, 14h45 - Publicado em 31 jan 2020, 15h14

A chave para acompanhar o esporte – cujas regras de fato são complicadas – é entender seu objetivo central: conquistar território, ainda que de maneira metafórica.

Os dois times são como exércitos que têm metade do campo para si – e precisam “invadir” a outra metade do campo, que está sob controle do time adversário. Quando uma equipe consegue ludibriar a defesa do oponente e um jogador chega ao final do campo com a bola na mão, ele faz um touchdown, que vale seis pontos. Essa é a meta principal.

Em um esporte como o basquete ou o handebol, os mesmo jogadores que atacam quando estão com a posse de bola defendem seu campo quando o adversário vem para cima. No futebol americano, porém, há times diferentes para atacar e defender, cada um com 11 integrantes. Eles se alternam em campo.

Além disso, há membros dedicados a tarefas extremamente específicas, como chutar a bola no meio das duas traves amarelas – uma espécie de gol, que é uma meta secundária e será explicado mais adiante. É o chamado time de especialistas. Ao todo, entre reservas e titulares, as equipes têm 53 atletas.

O campo tem 120 jardas de comprimento (a jarda é uma unidade de medida exclusivamente americana que equivale a um pouco menos de um metro. 120 jardas são 91,4 metros). Nas duas extremidades do campo há as end zones, que tem dez jardas de largura cada uma. O touchdown só é marcado se o jogador entrar na end zone com a bola na mão ou receber um passe e dominar a bola dentro dessa área. As endzones são demarcadas por uma pintura colorida.

No começo do jogo, os times sorteiam quem começa no ataque e quem começa na defesa. O time que ficou com a defesa chuta a bola na direção do campo de ataque, uma jogada chamada kickoff. Um membro do time de ataque recebe a bola do outro lado e corre o máximo que pode em direção ao campo adversário. Ele é escoltado pelos outros dez jogadores.

O objetivo da defesa é derrubá-lo ou fazê-lo sair do campo. Quando isso acontece, o “retorno de kickoff” acaba. Vamos supor que o corredor do ataque tenha avançado até o meio do campo com a bola antes de ser derrubado. Isso significa que ele já avançou 50 jardas, mas que ainda há 50 jardas pela frente até a endzone adversária.

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É aqui que começa o jogo de fato. Os dois times entram em formação, um de cada lado da linha de 50 jardas. O time de ataque tem quatro chances (isto é, quatro jogadas) para avançar dez jardas. Se conseguir, ganha mais quatro chances.

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É por isso que os narradores falam “segunda para sete”. O que eles estão dizendo é que o time já percorreu três jardas na primeira tentativa, e agora precisa percorrer mais sete jardas na segunda tentativa para totalizar dez. Às vezes, a defesa aperta muito o ataque e eles perdem terreno em vez de ganhar. É comum ouvir frases como “segunda para quinze” ou “terceira para doze”, sinal de que os jogadores ofensivos estão em maus lençóis.

Quando começa a jogada, a bola cai nas mãos do quarterback, o capitão do time. Ele tem algumas opções para avançar.

Uma é fazer um passe para um jogador que já está lá frente. Se o jogador recebe e domina a bola, ele corre o quanto der. O local em que o recebedor for derrubado marca o início da próxima jogada. Se ele avançar mais de dez jardas, ótimo: o time não só cumpriu a meta, ganhando mais quatro tentativas, como ganhou um terreno bônus. Os recebedores, no geral, costuma ser os wide receivers ou tight ends. Outra opção é entregar a bola na mão do running back, que é o corredor. Ele abraça a bola e tenta furar a defesa a pé. Se andar, andou. Esse sujeito apanha um bocado.

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Se o time, após três tentativas, o ataque não conseguir avançar dez jardas nem entrar na end zone para marcar um touchdown (seis pontos), ele pode usar a quarta jogada para tentar um prêmio de consolação de três pontos, chamado field goal. O field goal é quando o time chuta a bola (com o pé, mesmo) para fazê-la passar no meio das enormes traves amarelas que ficam no fundo do campo. Aqui, se vê a herança do futebol comum.

Caso o field goal não seja possível por causa da imensa distância, o jeito é chutar um punt, em que se devolve a bola para o time adversário com um chute um pouco diferente do kickoff (não vamos nos aprofundar nas diferenças entre esses dois chutes, mas acredite: diversos times reservam um chutador especialista em cada um deles).

A humilhação máxima é o safety: se o membro do time de ataque que está com a bola é derrubado dentro de sua própria end zone, na extremidade oposta de sua meta, o time de defesa ganha 2 pontos pela doutrinação (essa é a palavra favorita de Rômulo Mendonça, um narrador engraçadíssimo da ESPN que você vai conhecer caso decida assistir futebol americano para experimentar).

Abaixo, vamos nos aprofundar em algumas regras e conceitos:

O palco

O campo mede 48,8 metros de largura e 91,4 metros de comprimento (os maiores campos do nosso futebol têm 90 por 120 metros). Os riscos que aparecem a cada 5 jardas (4,6 metros) servem para marcar o avanço dos times – ao todo, são 120 jardas. As traves, erguidas a 3,05 metros do chão, têm 5,6 metros de largura por 9 metros de altura.

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No fogo cruzado

O running back é o velocista do time que ataca: sua função é correr com a bola nas mãos no meio da defesa adversária. Ele recebe passes curtos e depois tenta avançar algumas jardas. Seu objetivo é correr em direção à linha de fundo, mas ele pode despistar seus marcadores correndo para a lateral ou passando para outro companheiro que esteja atrás dele.

O chefe

Todas as jogadas da equipe que ataca passam pelas mãos do quarterback, o articulador do time. Depois de receber a bola na saída de cada lance, esse armador pode correr com a bola, lançá-la para um wide receiver ou entregá-la para um running back. Ensaiadas com antecedência, as jogadas são passadas para o resto da equipe por meio de palavras-chave que o quarterback grita sem muita delicadeza.

Os sentinelas

Por ser o responsável pelas jogadas da equipe, o quarterback recebe proteção especial da chamada linha ofensiva, jogadores bem nutridos do time no ataque que formam uma muralha ao redor do armador. Esse grupo tenta dar tempo para que o quarterback possa lançar bem a bola. Se eles falharem, o quarterback pode ser derrubado antes de fazer o passe, um desastre chamado sack.

Casa do ca*****

Outro importante jogador de ataque é o wide receiver, que corre antes de ter a bola nas mãos para receber passes mais longos do quarterback. Ele pode usar luvas especiais para melhorar a aderência das mãos, já que não é fácil agarrar uma bola oval que às vezes viaja dezenas de metros e chega cheia de efeito.

O resto vale

O futebol americano é um jogo de intenso contato, mas alguns lances são considerados falta, como chutar o adversário ou atingi-lo com o pulso ou o joelho. A infração mais desleal é puxar o capacete do adversário, uma agressão violenta que pode quebrar o pescoço do jogador. Normalmente, o time punido por uma falta grave precisa recuar sua posição no campo entre 5 e 15 jardas.

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Batalhão do apito

Na liga profissional americana, cada partida tem nada menos que sete juízes, distribuídos dentro do campo, nas laterais e na parte de trás. Todos podem indicar uma falta jogando sobre o campo uma bandeira e usando um apito para avisar o árbitro principal, que dá a palavra final se houver alguma dúvida na marcação. Nos lances mais polêmicos, o VAR é regra.

Tropa de choque

O time que está na defesa (sem a posse de bola) tem 11 jogadores que devem correr e derrubar o ataque adversário. Os defensores são brutamontes, mas precisam ter agilidade para bloquear os atacantes. A defesa é dividia em três áreas de atuação no campo. A primeira é a linha defensiva, que força a muralha do ataque até derrubá-la. Depois, há os linebackers, locomotivas a vapor musculosas que interceptam passes curtos e tentam pegar o quarterback (dá medo). O linebacker central costuma ser o capitão da defesa. Por fim, há a linha secundária – composta pelos safeties, que ficam na retaguarda e são a última chance, e os cornerbacks, responsáveis por marcar os wides receivers.

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