“Benzinho”: Conversamos com o diretor, Gustavo Pizzi
O filme foi exibido em Sundance, o festival mais badalado da atualidade, e agora chega ao Brasil
Uma dona de casa de Petrópolis (RJ) descobre que seu filho mais velho, de 16 anos, foi convidado para jogar handebol na Alemanha e que vai sair de casa em menos de um mês. Essa é a história de Benzinho, filme nacional ovacionado no exterior e que agora estreia no Brasil. Batemos um papo com Gustavo Pizzi, diretor do longa, sobre a produção.
Benzinho é um filme sobre relação mãe e filho – foge um pouco daquela temática da pobreza que dominou o cinema brasileiro na década passada. Como você acha que ele se encaixa na nossa realidade de 2018?
Por muito tempo a gente ficou nichado nesse tema da favela, que é fundamental, mas acho que hoje a gente já está num lugar de diversidade temática. Estamos em um momento mais fértil. Em Benzinho, por exemplo, a ideia era contar a história de amor dessa mãe com a sua família. Ao mesmo tempo, queríamos mostrar o quanto ela batalha pra se colocar como pessoa na sociedade. Um caso claro é o do trabalho doméstico, que ela carrega e é pouquíssimo valorizado. A gente queria trazer esse viés da mudança através do olhar doce dessa mulher – inserindo um tom familiar no nosso contexto atual.
O filme foi selecionado como parte da mostra oficial de Sundance, o festival mais descolado do mundo, responsável por apresentar de Tarantino a 500 Dias Com Ela. Como foi essa experiência?
Foi fantástico. É um evento que abre muitas portas. Desde então, o filme já foi vendido pra mais de 20 países, no México estreamos com 40 salas, um número bem expressivo. Fora isso, a reação do público americano foi muito legal. Muita gente saiu chorando das sessões, mulheres grávidas, uma galera de 20 poucos anos ligando pros pais. É incrível quando esse tipo de coisa acontece.
E por que você acha que os gringos se identificaram tanto com uma dona de casa fluminense?
Esse amor que existe dentro de uma família é universal. Um filho sair de casa, largar essa proteção, é algo muito parecido em todos os lugares. A gente queria fazer o mais próximo possível da nossa vida: sem grandes tragédias repentinas. Acho que quando falamos da gente, acabamos falando sobre todo mundo.