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Birdwatchers: a turma que conhece São Paulo pelas asas

Observadores de pássaros mostram que é possível manter contato com a natureza em meio ao caos da cidade

Por Abril Branded Content
Atualizado em 23 out 2020, 11h08 - Publicado em 26 out 2017, 11h00

Caminhar pela Avenida Paulista é se deparar com uma diversidade enorme de pessoas e uma paisagem inconfundivelmente urbana, cheia de prédios de escritórios e estabelecimentos comerciais. Mesmo nesse cenário predominantemente cinza, é possível ver surpresas. E ouvi-las também.

Talvez o barulho do trânsito e da multidão dificulte. Mas os observadores treinados já conseguem identificar, em meio à confusão, o canto peculiar do sanhaço-cinzento. Essa é uma das centenas de espécies de pássaros que voam por São Paulo, convivendo com humanos. Para observá-los, basta se esforçar – assim, você descobrirá um novo jeito de olhar para a cidade e perceberá que há beleza natural na selva de pedra.

Incentivar você a encontrar essas belezas às vezes escondidas é um dos objetivos do #hellocidades, um projeto da Motorola que sugere um novo olhar sobre cidades brasileiras. Observar as aves que aqui gorjeiam é uma excelente oportunidade para redescobrir São Paulo. E passarinho é o que não falta na maior cidade do Brasil.

Em São Paulo, é possível encontrar 464 espécies de pássaros. O número é maior que toda a coleção de aves que habitam a Holanda (por lá, há 463 espécies registradas). O veterinário Flávio Sousa já fotografou mais de 400. “Existe um guia de aves da Grande São Paulo que vejo como um álbum de figurinhas. Tenho fotos da maioria das espécies que estão lá, mas procuro ‘completar o álbum’ com todas elas um dia”, diz.

Ele começou a observar aves durante uma viagem a Peruíbe, na Baixada Santista, em 2010. De lá para cá, o interesse só aumentou – e a qualidade das fotos que ele tira também.

As imagens registradas por Flávio estão publicadas no WikiAves, uma enciclopédia colaborativa que reúne informações sobre os pássaros brasileiros. Além de fotos, o site tem dados sobre espécies e locais de observação e um extenso acervo de sons que ajudam a identificar os bichos. Para usar o WikiAves, não é preciso ser expert no assunto. Se você fotografar um passarinho e não souber de que espécie ele é, pode perguntar por lá, e há grandes chances de a comunidade de birdwatchers esclarecer as dúvidas.

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Birdwatchers (observadores de pássaros, em inglês) é o nome “oficial” internacionalmente conhecido para quem tem esse hobby. Mas a prática ganhou um apelido mais carinhoso em português: passarinhar. É por esse verbo que os admiradores de passarinhos identificam os passeios que fazem com o objetivo de ver, fotografar e gravar o canto das aves. “Passarinhar é algo que se faz o tempo todo, até andando na rua indo ao banco, por exemplo”, brinca Flávio.

Passarinhe você mesmo

Agora é sua vez! Para começar, não é preciso muito esforço: basta prestar mais atenção nos lugares em que você já costuma passar em São Paulo, olhar para as copas das árvores e ficar atento aos barulhos.

Mas, se quiser ir um pouco além nessa prática, vai precisar acordar cedo. É que o melhor momento para encontrar pássaros ativos pela cidade é de manhã – especialmente na primavera e no verão, em que diversas espécies estão em época de acasalamento. Um guia de bolso ajuda bastante a identificar as espécies. Especialistas indicam “Aves do Brasil: Mata Atlântica do Sudeste”, de Robert Ridgely, John Gwynne, Guy Tudor e Martha Argel e “Aves – Estado de São Paulo”, de Edson Endrigo, o tal álbum de figurinhas que Flávio Sousa quer completar.

O Parque Ibirapuera reúne mais de 160 espécies, graças à diversidade de ambientes. Até mesmo quem já conhece bem o lugar pode explorá-lo de uma maneira diferente se o objetivo for encontrar pássaros – o Viveiro Manequinho Lopes, por exemplo, é imperdível.

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Na Zona Leste, as matas do Parque do Carmo e do Parque do Piqueri servem de lar para mais de uma centena de espécies. Outras 144 vivem numa área correspondente a quase um milhão de metros quadrados no Parque Anhanguera, Zona Norte da capital.

“Tinha vontade de conhecer, mas tinha muita preguiça, porque o parque é muito longe de casa”, diz Patrícia Vilela, birdwatcher iniciante e moradora do bairro Sumaré, a 23 km do local. “Só fui conhecer um pouquinho daqueles lados da cidade por causa dos pássaros, e ir em grupo de manhã me faz me sentir mais segura e motivada”, completa.

O biólogo Vinícius Secco está no mesmo caminho. Ele se interessa pelo tema desde 2014 e, em 2015, participou do primeiro evento de observação coletiva de aves. Desde então, já foi a vários pontos em São Paulo graças ao hobby. “Conheci parques como o Linear Nove de Julho, que possui uma diversidade de aves aquáticas incrível, o [Parque Cidade de] Toronto, o [Parque da] Aclimação, entre outros”, diz.

Na Região Oeste, bastam poucas horas no Instituto Butantan ou na vasta área verde da Cidade Universitária para encontrar espécies únicas. O Parque Burle Marx, no Morumbi, também é um espaço propício para a observação. E o Parque Estadual Alberto Lögfren, o Horto Florestal, sedia encontros periódicos e gratuitos entre birdwatchers e ornitólogos. Para ver a programação, é preciso ficar de olho no site do parque.

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É importante ficar atento às regras de cada lugar para a filmagem e fotografia com equipamento profissional. Para evitar problemas, é melhor portar um documento emitido pelo site da prefeitura, que dá acesso aos parques públicos de São Paulo para quem quer passarinhar. Mas um smartphone com uma boa câmera já serve para ir treinando.

Além do mais, o celular pode ajudar na hora de atrair as espécies. Entre os birdwatchers, é comum usar playback – a gravação da vocalização de uma espécie – para aumentar as chances de observar aquele determinado pássaro. Há centenas de arquivos em formato mp3 disponíveis para download na internet, em sites como Xenocanto e WikiAves. Mas o ideal é evitar atrapalhar a rotina do pássaro, e não colocá-lo em perigo. Tocar perto de ninhos pode atrair predadores, por exemplo.

Alguns observadores mais experientes já deixam o playback de lado. Eles contratam guias ornitológicos que sabem exatamente aonde ir, ou simplesmente acham que pode ser mais interessante encontrar pássaros ao acaso. É o caso de Claudia Komesu, observadora há mais de dez anos.

“Ver uma ave de perto é uma experiência marcante, capaz de fazer a pessoa se interessar pela natureza e, quem sabe, se engajar pela sua defesa”, diz ela em seu site, dedicado ao birdwatching.

Encontrou um passarinho diferente por aí? Além de incluir a imagem no WikiAves ou em outro site colaborativo, compartilhe nas redes sociais com a hashtag #hellocidades. São Paulo está em hellomoto.com.br! Participe!

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