Considerar-se patriota é ser bom cidadão?
Confira a resposta de filósofos do passado, que trataram do tema. Essa autoimagem de amor à pátria conta pontos na personalidade?
Ter orgulho do seu país natal, defendê-lo e até amá-lo de verdade parecem características de pessoas altruístas e de bom caráter. À primeira vista, ser patriota, então, teria a ver com lealdade, compromisso e dedicação. Valores que, na vida pessoal, são identificados como positivos.
Mas, você sabe, nem sempre é assim. Em tempos de movimentos golpistas contra a democracia no Brasil, em que criminosos se identificam como “patriotas”, vale recorrer à sabedoria de alguns dos homens mais sábios da história, expoentes da filosofia, para ter uma perspectiva mais ampla sobre o conceito.
Saiba o que três deles pensavam sobre o assunto: considerar-se patriota está ligado a ser bom cidadão?
Samuel Johnson
1709–1784
Não. Para esse pensador inglês, “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”. Ele afirmou que o discurso de suposto amor à pátria “tem sido usado como um manto para os próprios interesses”. O patriotismo seria um conceito facilmente manipulado, um disfarce aos olhos do público que serviria como salvo-conduto para cometer atrocidades.
Jean-Jacques Rousseau
1712–1778
Depende. Se o patriotismo de um indivíduo é consistente com as ideias de liberdade, pluralismo e paz, sim, está na essência da boa cidadania. Mas ele também pode se tornar uma paixão irracional e perigosa. Isso porque, frequentemente, tem mais a ver com uma afirmação de autoestima do que com o amor aos valores do país.
Alasdair MacIntyre
1929–
Sim. Ser patriota é a base que nos permite projetar o melhor da nossa essência. Porque nos daria o conhecimento de quem somos e de quem são nossos compatriotas, enaltecendo o que temos em comum de positivo. Sem um forte senso de responsabilidade compartilhada pelo que acontece em nossa nação, seria difícil ter a experiência de uma vida plena e moral.