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Diretoras continuam com menos espaço na TV

Apesar da participação de mulheres diretoras ter aumentado, a balança ainda pesa para o lado dos homens brancos em seriados

Por Jessica Soares
Atualizado em 4 nov 2016, 18h50 - Publicado em 4 set 2015, 18h15

veep julia louis-dreyfuss

Não é só em Hollywood que a desigualdade de gênero e racial é a regra do jogo na frente e atrás das câmeras – são 5 homens para cada mulher trabalhando no cinema e, dos 565 filmes no topo das bilheterias entre 2007 e 2012, apenas 33 (5,8%) foram dirigidos por negros (entre eles, apenas duas diretoras mulheres). Nos bastidores da telinha a história se repete. Anualmente, o Sindicato de Diretores dos Estados Unidos analisa etnia e gênero dos profissionais contratados para dirigir episódios de seriados da TV aberta, da TV a cabo básica e premium e também de séries de alto orçamento produzidas para a Internet. O resultado: em 2015, mulheres dirigiram apenas 16% dos episódios (um aumento de 2% em relação ao ano anterior) e homens e mulheres não-caucasianos dirigiram 18% dos episódios, uma queda de 1% em relação ao ano anterior.

Para o relatório de diversidade na TV de 2015 foram analisados mais de 3900 episódios produzidos entre 2014 e 2015 e temporadas de mais de 270 séries da TV a cabo – um número maior que no ano anterior, em que foram produzidos 3.562 episódios, uma expansão que contribuiu para a modesta ampliação de oportunidades para mulheres. Mas entrada neste mundo dominado pelos homens continua sendo um dos grandes desafios: quando analisada a contratação de diretores novatos, são eles que saem na frente em disparada – 84% dos profissionais que assumiram a direção pela primeira vez eram homens, perpetuando a desigualdade atrás das câmeras. Nem nas novas plataformas a situação está melhor: seis séries produzidas para a internet aparecem no ranking de séries com menor participação de mulheres e minorias raciais.

Até em séries que trazem fortes protagonistas mulheres – como Mom, Agent Carter, Bones e Nurse Jackie – tiveram a maioria de seus episódios dirigidos por homens brancos. Em 27 programas – que incluem Boardwalk Empire, Ray Donovan – nenhuma diretora mulher ou diretor/diretora pertencente a uma minoria etnica foi contratado. É um padrão que se reproduz ano a ano: nas últimas 10 temporadas de Supernatural, por exemplo, só três diretores não-brancos e duas diretoras foram contratados e foram responsáveis por só cinco episódios do total de 197. No caso de It’s Always Sunny In Philadelphia, ao longo de 10 anos, nenhuma diretora foi contratada.

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Entre as séries originais Netflix o cenário também é desanimador: na última temporada de House of Cards e Orange is the new black, apenas 4, ou seja 31% dos episódios, não foram dirigidos por homens brancos; em Hemlock Grove, 11%; em Bloodline e Demolidor foram só 8%; no caso de Marco Polo, nenhuma mulher ou diretor(a) de minoria racial foi contratado.

No outro lado do espectro, 19 seriados aparecem pelo segundo ano consecutivo na lista dos melhores, contratando mulheres ou minorias para dirigir ao menos 40% do ciclo de produção: entre eles estão as queridinhas Modern Family (46%), Veep (60%), Girls (50%), The Following (67%), Grimm (45%), Homeland (67%) e Suits (50%). Empire, elogiadíssima série que acaba de finalizar sua primeira temporada, brilha também na diversidade atrás das câmeras: 82% dos seus episódios dirigidos por mulheres ou diretores/diretoras não-caucasianos.

As listas completas de seriados e episódios analisados podem ser vistos aqui.

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