Clique e Assine SUPER por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Esses artistas geniais e suas invenções maravilhosas

Ricardo Alexandre Música e ciência raramente aparecem como parceiras – aliás, há até quem acredite que elas estejam em campos opostos da experiência humana, já que a primeira lida com a emoção e a segunda, com a razão. O que acontece quando alguém (um produtor, por exemplo) decide subverter a ordem natural das coisas e […]

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 31 mar 2004, 22h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  •  (/)

    Ricardo Alexandre

    Música e ciência raramente aparecem como parceiras – aliás, há até quem acredite que elas estejam em campos opostos da experiência humana, já que a primeira lida com a emoção e a segunda, com a razão. O que acontece quando alguém (um produtor, por exemplo) decide subverter a ordem natural das coisas e estabelecer “fórmulas” e “métodos” para mesclar experimentos eletrônicos e psicológicos e, dessa forma, tirar “aquele som”? Resposta: ciência maluca.

    Muitos dos primeiros produtores musicais eram engenheiros eletrônicos que operavam as máquinas. Cosimo Matassa, talvez o mais célebre desses pioneiros, tem hoje 70 anos e lembra que “o cargo de ‘produtor’ nem existia”. Foi só nos anos 1960, com George Martin, que a coisa mudou e eles ganharam status de artista. Martin inventou o primeiro supergrupo do mundo, os Beatles – e otras cositas más. Certa vez, ele convocou 41 músicos da Orquestra Sinfônica de Londres para tocar 24 compassos aleatórios com peruca e nariz de palhaço, tudo em busca de uma sonoridade diferente. Em outra ocasião, ele apareceu no estúdio com picotes de fitas que seriam grudadas pelas paredes para tentar reproduzir o ruído de “macacos guinchando”.

    O inglês Joe Meek ainda era criança, na Inglaterra, quando aprendeu a fuçar em rádios e, com uma cópia velha do livro Eletrônica Prática, construiu seus primeiros aparelhos, como um sistema de som espalhado pelas plantações, para que os apanhadores de cerejas pudessem ouvir música enquanto trabalhavam. Adulto, Meek alugou um quarto sobre uma loja de malas, em Londres, e montou o próprio estúdio, cheio de traquitanas que ele mesmo inventava. Sua especialidade era comprimir diversos instrumentos num mesmo canal. Assim, era possível ouvir, numa só faixa, um coral (gravado no banheiro), violinos (gravados na escada de incêndio) e diversos efeitos “espaciais”. O que parecia ser uma guerra estelar era, na verdade, apenas o barulho da descarga, distorcido várias vezes.

    Continua após a publicidade

    Do outro lado do Oceano Atlântico, nos Estados Unidos, Phil Spector também fazia escola. Criou a chamada “parede de som”, que lhe permitia gravar o som de dezenas de instrumentos em apenas dois canais. Nesses tempos em que a tecnologia não podia ser comprada na loja de softwares, a obsessão pelo som perfeito era um campo fértil para os Frankensteins dos estúdios. No final dos anos 1950, o mexicano Juan Garcia Esquivel era sinônimo de gravações em estéreo, um luxo naquela época. Como ele conseguia esse efeito tão difícil para os padrões de então? Alugando dois estúdios para gravar a mesma música.

    Mas nada chega perto do que fazia Lee “Scratch” Perry. Ele construiu o próprio estúdio na Jamaica e batizou-o de Black Ark (Arca Negra) após se firmar como um dos grandes produtores de reggae nos anos 1960. Seus métodos “científicos” para conseguir sons inusitados incluíam limpar os cabeçotes dos gravadores com a própria camisa, assoprar fumaça de maconha nos gravadores e enterrar as fitas já gravadas no quintal para que elas pudessem captar a “energia positiva da terra”. Aparentemente, a coisa dava certo. Entre 1976 e 1979, até Bob Marley, no auge do sucesso na Europa, voltava ao Caribe para gravar com ele. Até que, um belo dia, Perry chegou ao estúdio e encontrou-se com ninguém menos que o Diabo – em pessoa. O jamaicano não teve dúvidas: ateou fogo em tudo. Dá para imaginar o que ele faria se estivesse no comando de um laboratório de verdade?

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 14,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.