Game of Thrones: teorias e especulações
As melhores elaborações dos fãs sobre o final da saga
Jon Snow não sabe de nada. Os leitores desatentos também não. Mas quem frequenta fóruns da internet e não tem medo de spoilers desconfia de muita coisa. Nesses redutos, fãs dedicam boa parte de seu tempo livre a discutir teorias construídas com base nas pistas deixadas nas páginas de As Crônicas de Gelo e Fogo. “Não dá para ser fã dos livros e não ter essa obsessão por teorias. O próprio George R. R. Martin alimenta isso, criando dezenas de profecias e visões enigmáticas. A culpa é dele!”, diz Rafael Ramos, um dos integrantes da equipe do site Game of Thrones BR, a maior fonte de informações sobre a saga no país, com uma seção inteira dedicada às especulações.
Os livros da série têm tantos detalhes que inventar teorias, muitas vezes, significa navegar por águas perigosas. Muitos fãs se apegam a pistas falsas ou simplesmente forçam a barra para tentar emplacar hipóteses próprias sobre a história. “Se analisadas com um pouco mais de atenção, muitas teorias têm pouquíssimas bases nos próprios livros”, diz Felipe Bini, que também se dedica ao Game of Thrones BR. Mas nem todas as especulações são absurdas. Desde a publicação de A Guerra dos Tronos, o primeiro volume da série, em 1996, alguns palpites sobre os principais mistérios da saga ficaram bastante famosos. O maior deles é o que tenta mostrar a ligação entre Jon Snow e Daenerys Targaryen. Apesar de os livros serem construídos com base nos pontos de vista de muitos personagens, nem é preciso tanta imaginação para sugerir que o gelo e o fogo do título da saga são referências a esses dois personagens, seus verdadeiros protagonistas. Mas qual seria exatamente o elo entre o bastardo dos Stark e a filha da tormenta?
MEIO LOBO, MEIO DRAGÃO
Teoria: Jon Snow é um Targaryen
“Ele é meu sangue e isso é tudo que você precisa saber”, disse Ned Stark a Catelyn, que nunca engoliu muito bem o fato de viver sob o mesmo teto que um filho bastardo do marido. Mas admitir, com todas as letras, que Jon Snow é seu filho, o saudoso Ned – um dos pouquíssimos personagens da saga que mantiveram sua bússola moral intacta até o fim – não fez. Além disso, ninguém sabe quem é a mãe verdadeira de Snow. Aí ficou fácil desconfiar de que havia alguma coisa errada. Principalmente se prestarmos atenção
na história e ligarmos os fatos.
Muitos anos atrás, quando Ned Stark ainda era jovem, ele e os irmãos Brandon e Lyanna visitaram Harrenhal por causa de um torneio promovido pela casa Whent. Rhaegar Targaryen, filho do rei Aerys, o Louco, também estava lá. Na época, o príncipe já era casado com Elia Martell e tinha dois filhos, Rhaenys e Aegon. Apesar disso, o jovem dragão e encantou com a irmã mais nova de Ned Stark e a escolheu como rainha do amor e da beleza do torneio, uma espécie de homenagem à mulher mais bonita do local, feita pelo cavaleiro vencedor. O interesse faz ainda mais sentido se considerarmos como verdade outra teoria que você já leu antes, algumas páginas atrás: Lyanna disputou duelos no torneio disfarçada de Cavaleiro da Árvore que Ri. Rhaegar descobriu e gostou de saber que, além de linda, ela era uma grande espadachim.
Alguns anos depois, Lyanna estava prometida a Robert Baratheon. Mas foi sequestrada por Rhaegar e levada para a Torre da Alegria, nas Montanhas Vermelhas de Dorne. Segundo as teorias, não foi exatamente um sequestro. A jovem Stark foi por livre e espontânea vontade. E ainda ficou grávida. Só que era tarde demais. Mais ao norte, em Porto Real, a Rebelião de Robert já havia começado e várias casas haviam se juntado para tirar Aerys, o Louco, do poder. Rhaegar teve que deixar Lyanna sozinha para lutar na guerra, mas pediu que alguns soldados da Guarda Real a acompanhassem. Daí para a frente, só tragédias: Rhaegar foi morto por Robert Baratheon na famosa Batalha do Tridente e todos os Targaryen de Westeros foram supostamente aniquilados. Enquanto isso, Ned e seu amigo cranogmano Howland Reed (guarde bem esse nome, pois ele aparece em várias teorias) encontraram Lyanna à beira da morte depois de dar à luz o filho de Rhaegar.
Agora, coloque-se no lugar de Ned Stark. Com a temporada de caça ao dragão aberta em Westeros e a coroação de Robert Baratheon, qual seria a coisa mais sensata a fazer com o filho de sua irmã? Pois é: levá-lo para casa e criar como se fosse seu.
A ideia de que Jon Snow é um Targaryen é antiga. Mas, com a popularidade da série de TV, ela voltou a ganhar destaque na internet nos últimos dois anos. Há variações da teoria. Uma corrente diz que Meera Reed, a menina guerreira que acompanha Bran em sua jornada pelo Norte, seria irmã gêmea de Snow, adotada por Howland Reed da mesma forma que Ned Stark se responsabilizou por criar o sobrinho. Mas esse detalhe não tira o fôlego da teoria principal. Para entender as implicações, é só olhar para a árvore genealógica dos Targaryen. Se Jon Snow for filho de Rheagar, ele será também sobrinho de Daenerys. Só que, pela tradição Targaryen, mulheres não ocupam o trono (a última vez que uma delas tentou, uma guerra civil aconteceu). Outra tradição Targaryen valoriza o casamento entre parentes na realeza – ou seja, pode até ser que Dany e Jon Snow terminem juntos, para a grande alegria dos fãs. Sendo assim, Jon Snow, que passou a vida sendo considerado um bastardo, seria o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro.
“A teoria já é vista por muitos como uma verdade absoluta”, diz Rafael Ramos. Até mesmo Sean Bean, ator que interpretou Ned Stark na primeira temporada, disse que acredita nesse raciocínio. No entanto, há outras teorias sobre a paternidade de Snow. A relação entre Ned e Ashara Dayne, uma jovem do sul, que supostamente se jogou do alto de uma torre, nunca ficou muito clara e não há nada nos livros que contradiga a possibilidade de ela ser a mãe de Jon. Entre os fãs ávidos da saga, há quem não coloque a mão no fogo em nome dessa hipótese. “Essa teoria deixa muitas pontas soltas. É o melhor que temos, mas o grau de confiança ainda é baixo”, diz José Luiz Borsatto Junior, principal administrador do fórum Ice and Fire, em que a especulação sobre a história corre solta.
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