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Jogo Fortnite é usado para lavagem de dinheiro

Claro que um jogo que lucrou 3 bilhões de dólares em 2018 iria atrair os hackers e ter seu próprio mercado negro...

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 24 jan 2019, 20h49 - Publicado em 24 jan 2019, 20h39

De tempos em tempos, surgem fenômenos que ninguém explica. No mundo dos games, podemos considerar que os últimos foram Minecraft, Pokemon Go! e, agora, Fortnite. Com 200 milhões de usuários, o jogo popularizou o gênero battle royale: em cada partida, você cai aleatoriamente no cenário e precisa lutar contra outros jogadores para que você (ou seu grupo) seja o único sobrevivente no final. Sim, é basicamente um game dos Jogos Vorazes.

Multiplayer, online e de graça, o jogo entrou na cultura pop, criando até desafios virais. Em 2018, o jogo lucrou 3 bilhões de dólares. E, claro, com tanto dinheiro assim, logo aparece um mercado negro para chamar de seu.

Segundo uma investigação do jornal inglês The Independent (em parceria com a empresa de segurança cibernética Sixgill), a moeda do jogo, os V-bucks, estão sendo usados para lavar dinheiro de cartões de crédito roubados.

A lógica é simples: depois que um hacker obtém as informações do cartão de crédito de outra pessoa, ele cria uma conta no Fortnite e usa o cartão para comprar V-bucks. Com a moeda do jogo, ele compra atualizações e itens de personalização pro seu personagem (armas, formas de dança, etc). Depois que a conta é carregada com vários V-bucks, o meliante pode comprar itens raros e valiosos e transferí-los como “presentes” a outros jogadores – em troca, é claro, de dinheiro de verdade, no mundo real. Essa transação já está tão longe do cartão roubado que fica praticamente irrastreável – temos aí uma lavagem de dinheiro bem sucedida, usando apenas mecanismos bem intencionados que qualquer jogo possui.

Há quem vendo até contas inteiras, cheias de itens e atualizações, através de um fornecedor legítimo como o eBay. Isso atrai jogadores que não querem gastar tempo acumulando itens – nem começar o jogo muito fraquinhos nas competições.

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1000 V-bucks custam cerca de 10 dólares. Você pode comprar no próprio jogo ou em lojas online autorizadas. Mas essas contas de hackers carregadas com V-bucks oferecem um preço muito inferior (para itens, contas, o que você quiser) do que o mercado normal, o que acaba atraindo muitos jogadores, que acabam achando grandes pechinchas, sem nem imaginar que estão contribuindo para todo um sistema ilegal.

O relatório afirma que é quase impossível saber qual a extensão da lavagem de dinheiro do Fortnite, uma vez que não tem como a desenvolvedora saber se os cartões eram roubados ou não. Até porque existem várias contas de pessoas tentando ganhar dinheiro da mesma forma que os hackers – mas usando o cartão delas mesmas e vendendo seus próprios equipamentos do jogo.

Fortnite não é o primeiro e nem vai ser o último game popular a ser usado para lavagem de dinheiro. Mas o que agravou esse caso é justamente o descaso da Epic, a desenvolvedora do jogo, com o problema. Ela ignorou os dados mostrados pelo jornal inglês e não adotou medidas para impedir que o jogo alimente um mercado negro. Ações como o acompanhamento de atividades de usuários com grandes quantidades de dinheiro virtual ou o monitoramento de grandes movimentações financeiras internas, que alguns games já fazem, não existem no Fortnite.

É provável que isso aconteça porque medidas de segurança afastam usuários – e isso é a última coisa que quer uma desenvolvedora que tem lucrado bilhões.

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