Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Letras de músicas ficaram mais simples e repetitivas nos últimos 40 anos

Os pesquisadores analisaram as letras em inglês de mais de 12 mil músicas escritas entre 1980 e 2020. Os gêneros incluem rock, rap, country e pop.

Por Caio César Pereira
2 abr 2024, 17h55

Se tem uma coisa que está intrinsecamente ligada ao fato de envelhecer é aquele sentimento do “no meu tempo era melhor”. Dentre os diversos elementos envolvidos nesse debate, um deles parece ter finalmente uma resposta: a música. De acordo com uma nova pesquisa, as letras de músicas costumavam ser mais complexas e menos repetitivas do que as atuais. 

Publicado no periódico Scientific Reports, da Nature, o estudo mostra que as letras das músicas tinham um caráter mais lírico e poético em suas composições. Por empregar ferramentas de linguagem como rimas, metáforas e figuras imagéticas, as letras de música podem ser consideradas como uma forma de literatura. (O cantor e compositor Bob Dylan, por exemplo, recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 2016)

De acordo com o estudo, as letras das músicas vem perdendo cada vez mais esses aspectos literários, com as letras ficando mais simples e repetitivas.

Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisadores decidiu analisar as letras, em inglês, de mais de 12 mil músicas escritas entre 1980 e 2020. As músicas analisadas pertenciam a uma variedade de gêneros, como rock, rap, country, R&B e pop.

Foram analisadas as emoções expressadas nas letras, quantas palavras diferentes eram utilizadas, e a frequência com que as palavras eram repetidas durante toda a música. Em todos os gêneros, o resultado foi praticamente o mesmo.

Continua após a publicidade

Além da repetição das palavras, outro ponto observado pelos pesquisadores foi na mudança de tom das letras. As músicas com letras mais positivas e alegres diminuíram, e deram lugar para canções que expressam mais tristeza e raiva, como o rap, por exemplo.

As músicas também passaram a ter muito mais a palavra “eu” ou “meu” do que antes. Resumindo: músicas mais auto-obsessivas e autocentradas são populares hoje em dia. 

Para os pesquisadores, um dos possíveis motivos para isso é a forma como a indústria musical mudou nos últimos 40 anos. Hoje, consumimos música principalmente por meio dos serviços de streaming com os algoritmos de recomendação de música, mas nem sempre foi assim. 

Continua após a publicidade

Durante os anos 80, as músicas eram vendidas e consumidas por meio dos discos de vinil e fitas cassete. Na década de 1990, foram os discos em CD. E durante parte dos anos 2000, as músicas em MP3.

Além disso, as letras geralmente funcionam como “espelhos da sociedade”. Elas são reflexos da cultura de cada tempo, reproduzindo suas preocupações, valores e emoções, o tal do Zeitgeist

Os pesquisadores também analisaram a busca por letras de músicas na plataforma Genius, e os fãs do gênero que mais buscavam letras antigas eram aqueles que ouviam rock. Isso poderia ajudar a explicar o declínio do gênero nos últimos anos.

Continua após a publicidade

Por fim, os pesquisadores consideram que a repetição de refrãos e letras mais básicas estão ligadas na forma como a música é vendida e consumida atualmente. 

“Os primeiros 10-15 segundos são altamente decisivos para decidir se pulamos a música ou não. As letras devem grudar mais fácil hoje em dia, simplesmente porque são mais fáceis de memorizar”, diz Eva Zangerle, autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Innsbruck.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.