Netflix usa luz magenta para melhorar suas cenas com tela verde
Eliminar a tela verde pode dar trabalho na pós-produção. A solução foi iluminar os atores com luz magenta para ganhar tempo na edição
Você já deve ter visto cenas de bastidores de algum filme e se deparado com uma grande tela verde atrás dos atores. Esse é o Chroma Key, que faz parte de uma técnica que substitui a cor verde por uma imagem na pós-produção do filme.
A mesma coisa é feita durante previsões do tempo e alguns programas de auditório na televisão. A tela verde (ou azul) é uma cor bem forte e contrastante, o que torna a remoção digital mais simples e evita que pedaços do corpo sejam removidos acidentalmente.
Só que algumas coisas podem confundir o computador: roupas em tons de verde, maquiagem, objetos transparentes ou finos, como mechas de cabelo. Por causa disso, para filmes e séries, editores especializados preferem ajustar o vídeo manualmente – um processo que pode levar horas para um único clipe.
Para facilitar o trabalho da produção, pesquisadores de um estúdio vinculado à Netflix combinaram a tela verde com luzes coloridas e inteligência artificial para criar efeitos visuais realistas.
Mais rápida e precisa, a técnica foi chamada de Magenta Green Screen (MGS), e consiste exatamente no que o nome quer dizer: os atores são filmados na frente da tela verde, enquanto são iluminados com luzes de cor magenta.
Azul, verde e vermelho são as três cores que compõem a luz emitida pela tela. Câmeras digitais funcionam atribuindo um valor individual para cada pontinho do vídeo (determinado pixel, por exemplo, pode ter 50% de vermelho, 20% de azul e 30% de verde). O que os pesquisadores da Netflix conseguiram com a técnica foi criar uma composição em que os pixels do fundo da imagem só têm verde, e os do primeiro plano, dos atores em magenta, têm variações de vermelhos e azuis (além de preto, a ausência da cor).
A precisão da técnica é tamanha que foi capaz de contornar objetos complicados de serem gravados – como garrafas transparentes e cabelo. Isso economiza tempo e esforço dos editores de efeitos especiais, que podem se concentrar em outras tarefas.
“Mas os atores não ficam roxos?” Ficam, mas tudo se ajeita com uma boa correção de cor – o que já é feito em praticamente todas as produções, em algum grau. Os pesquisadores elevaram o nível e empregaram uma “técnica de colorização com aprendizado de máquina” para agilizar o processo. Usando uma referência com iluminação normal, eles treinaram uma IA para saber como a composição deveria ficar. Assim, ela “repinta” o vídeo, eliminando o tom de magenta.
Além de potencialmente mais rápida e mais precisa, a nova técnica não limita o que os atores podem vestir. Nos testes, uma mulher usa um vestido verde e segura uma garrafa de vidro verde e nenhum dos dois desaparece quando o efeito é aplicado.
Contudo, a técnica ainda tem alguns empecilhos. Apesar da substituição do fundo verde ser feita em tempo real, a correção de cor com a IA ainda não é. Os pesquisadores estão trabalhando em técnicas para eliminar o magenta durante a filmagem e facilitar a visualização no set – o que pode tornar a técnica mais viável para produções reais.