Quem é Robson, afinal?
Não, Robson, de #AVidaDeRobson, não é gente como a gente: é campanha publicitária.
Se você mora em São paulo ou no Rio de Janeiro, em algum momento do último mês deve ter se deparado com um dos anúncios verdes de #AVidaDeRobson. E, se você é curioso como a repórter aqui, certamente procurou a hashtag nas redes – e descobriu que Robson publicava as coisas mais comuns no Facebook, no Instagram e no Twitter: “uma coleção chamada ‘canetas que esqueci de devolver'”; “odeio fazer baliza” e por aí vai.
Era só isso, mais nada: nos anúncios, não havia explicação nenhuma sobre por que diabos um cara ~gente como a gente~ estaria anunciando em todos os pontos da cidade.
Mas agora a gente sabe: Robson não existe. #AVidaDeRobson, na verdade, é uma campanha publicitária da Associação Brasileira de Out of Home (ou ABOOH), especializada em outdoors, em painéis e naquelas televisõezinhas de elevador (sim: era um outdoor sobre outdoor).
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Criada pelos publicitários Bruno Brasil e Gastão Moreira, a ideia era mostrar que qualquer um poderia anunciar em um outdoor – até um tal de Robson que ninguém conhecia. Ou, segundo o post no Facebook que revela a campanha, “para homenagear justamente a vida real, criamos ‘a vida de Robson’. Um cara comum, que usou a mídia fora de casa, que está no cotidiano das pessoas, para contar a sua história”. A galera no Twitter não parece ter gostado muito:
Segundo a empresa, #AVidaDeRobson seria a primeira a integrar os meios digitais e os chamados estáticos (outdoors, por exemplo). Mas a gente já tinha visto outros exemplos menores, como o “volta pra mim, Mari – assinado Môzi”, uma campanha que a Otima (empresa responsável pelos abrigos de ônibus de São Paulo) fez em 2013, com o mesmo objetivo: deixar as pessoas curiosas o suficiente para ir atrás da “Mari” e do “Môzi” no Facebook.
A revelação da “identidade” de Robson foi feita nesta segunda (17), em cartazes nos quais Robson dizia: “Queria agradecer pela exposição. Antes eu tinha 2 amigos, agora tenho milhões”. A campanha começou em 4 de outubro, com cartazes, outdoors e placas espalhadas pelas cidades, mostrando o dia a dia de Robson. Eram frases como “Robson só estaciona de frente”, “Robson segue de volta em troca de likes” e “Robson ficou preso no elevador” – ou seja, situações com as quais qualquer um pode se identificar. A partir de amanhã (18), a ABOOH corta de vez o mistério e deve começar a aparecer mais nas propagandas.
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Parece que a campanha funcionou: no Facebook, a página de Robson passou dos 21 mil likes, e os termos “A vida de robson” foram mencionados mais de 70 mil vezes. Até o SUS fez uma paródia de #AVidaDeRobson (o que, inclusive, deixou muita gente confusa, achando que a campanha era do governo) e o Sensacionalista criou uma tag chamada #AVidaDeMichel, em que narrava a vida do presidente interino como se fosse a de Robson.
Claro, vale lembrar que o que fez a campanha decolar mesmo foi o mistério: ninguém sabia do que se tratava #AVidaDeRobson, e ia procurar nas redes – onde encontrava mais conteúdo para compartilhar com os amigos, o que fazia o anúncio circular. Agora, resta saber se outras campanhas vão conseguir amarrar tão bem as mídias estáticas e as digitais.