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Super Mario Bros. Wonder não teve prazo de desenvolvimento. O que isso pode ensinar para a indústria de games

A Nintendo não deu uma data-limite a seus funcionários para terminar o protótipo do game. Resultado: indicação a Jogo do Ano e aclamação da crítica.

Por Leo Caparroz
6 dez 2023, 16h18

O anúncio de Super Mario Bros. Wonder em junho de 2023 surpreendeu fãs. Depois de 10 anos de New Super Mario Bros. U, finalmente outro jogo no clássico estilo plataforma seria lançado.

Mas a maior surpresa foi a sua data de lançamento: outubro de 2023, apenas quatro meses depois do anúncio da Nintendo.

Isso não é muito comum na indústria – nem na própria Nintendo. The Legend Of Zelda: Tears of The Kingdom, outro sucesso da empresa no ano, teve seu primeiro teaser em 2019. Olhando os outros concorrentes a Jogo do Ano no The Game Awards, principal prêmio da indústria, o padrão se repete em maior ou menor grau: Resident Evil 4 Remake foi anunciado em 2022; Spider-Man 2 e Alan Wake 2, em 2021; Baldur’s Gate 3, em 2019.

O game da Nintendo também não teve nenhum atraso – algo tão recorrente no mundo dos games quanto o Mario comer cogumelos. Segundo a IGN, em 2021 foram 60 adiamentos; em 2022, 69. Dá para colocar uma parcela da culpa dos mais recentes na pandemia e o caos de trabalho gerado por ela, mas é perceptível que as desenvolvedoras muitas vezes marcam datas que elas não conseguem cumprir.

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Para resolver esse problema, o produtor Takashi Tezuka, de Mario Wonder, implementou uma filosofia simples: não tem como descumprir prazo se não tiver um. Em uma entrevista à revista Wired, ele afirmou que o objetivo era não fazer um produto pela metade por causa do deadline – e, ao mesmo tempo, não deixar a equipe ansiosa.

Durante os estágios iniciais de desenvolvimento, os responsáveis por Mario Wonder não tiveram que temer uma data limite. O plano era priorizar conteúdo em vez de cronograma.

“Queríamos criar um jogo com mais a oferecer do que nunca, então desta vez não definimos um período fixo para o desenvolvimento, que geralmente é decidido antes de começarmos”, afirmou Tezuka em uma publicação da Nintendo. “Para criar algo verdadeiramente divertido, decidimos dedicar nosso tempo e um amplo orçamento ao desenvolvimento sem ter que nos preocupar com o cronograma de produção.”

Foi exatamente o que fizeram. Durante os estágios iniciais, todos os envolvidos no jogo foram convidados a dar ideias. De qualquer tipo, e nem precisava ter a ver com a função deles. Programadores, designers de som, modeladores, todos anotaram suas ideias de jogabilidade em post-its. A equipe desenvolveu protótipos para algumas delas, testando o que funcionava.

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“Havia tantas ideias. Contei o número de post-its que tínhamos e eram mais de 2 mil”, afirmou Koichi Hayashida, game designer de Mario Wonder.

Tempo para desenvolver muitas ideias, inovação e alto investimento. Com base nesses princípios, os criadores fizeram o jogo de plataforma do Mario atingir a terceira maior nota no agregador de críticas Metacritic, uma indicação a Jogo do Ano no Game Awards e 4,3 milhões de cópias vendidas nas duas primeiras semanas. O jogo se tornou o título da franquia Super Mario com venda mais rápida, segundo a Nintendo.

Talvez o sucesso de Mario Wonder possa ensinar a indústria de jogos a fugir um pouco da mesmice.

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