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Os segredos da Mona Lisa

Decifrando a jovem senhora que, retratada por Da Vinci há mais de 500 anos, é hoje uma das faces mais reconhecidas do mundo.

Texto: Carol Castro | Edição de Arte: Leonardo Drehmer | Design: Andy Faria | Imagens: Domínio Público

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interesse por fenômenos naturais era típico do Renascimento, uma época marcada pela valorização do homem e da natureza. Foi essa curiosidade que conduziu Leonardo da Vinci ao estudo da geometria, da ótica, da botânica e da anatomia, entre outras disciplinas, e a aplicar suas descobertas na arte que produzia. Por exemplo: observando o comportamento da luz e os efeitos da atmosfera sobre uma paisagem qualquer, ele criou regras de perspectiva e profundidade que seriam aplicadas em muitas de suas pinturas. Dessa sofisticada mistura de arte e ciência, nasceram várias obras-primas, entre elas Mona Lisa, A Última Ceia e O Homem Vitruviano.

Mais de 5 milhões de pessoas se acotovelam anualmente no Museu do Louvre, em Paris, para ver a Mona Lisa. Pintado por Leonardo da Vinci entre os anos de 1503 e 1506, esse retrato de uma jovem senhora sentada, de vestes relativamente simples e sorriso enigmático, é provavelmente a obra de arte mais popular da história. Entenda os porquês.

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1 • Jovem senhora
A mulher retratada é Lisa Gherardini. Nascida em Florença, tinha 24 anos quando o quadro começou a ser pintado. Biógrafos de Da Vinci acreditam que, por causa do retrato, ela e o artista se tornaram grandes amigos. “Mona” era uma abreviatura de madonna – “senhora” em italiano.

2 • Proporção Áurea
A composição está perfeitamente de acordo com o que matemáticos e artistas chamam de proporção áurea. Esse foi um dos truques de Da Vinci para que Lisa pareça estar sempre nos encarando, independentemente do ângulo que se tem do quadro.

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3 • Classe média
As roupas usadas pela moça revelam que ela não pertencia à nobreza, era apenas uma jovem burguesa. No início do século 16, quando o quadro foi pintado, retratar uma mulher que não fosse princesa ou rainha era extremamente raro.

4 • Luz e sombra
Da Vinci também fez uso da técnica chiaroscuro (literalmente, “claro-escuro”). Objetos ganham forma apenas com luz e sombra, sem que seja necessário traçar linhas de contorno. O conhecimento que o artista tinha de física facilitava seu trabalho.

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5 • Feliz ou entediada?
Afinal, a expressão de Mona Lisa é de felicidade ou tédio? Um programa de computador, com milhares de rostos femininos e emoções memorizados, foi usado para encontrar uma resposta. Resultado: 83% de chance de que ela estivesse feliz.

6 • Forma Geométrica
A posição da cabeça, dos ombros, dos braços e das mãos sugerem uma estrutura piramidal, do mesmo tipo que pode ser encontrada em A Virgem das Rochas – outra obra-prima do mestre renascentista, provavelmente produzida entre 1483 e 1486.

7 • Perspectiva aérea
Outra técnica empregada foi a perspectiva aérea, cuja invenção é erroneamente atribuída a Da Vinci. Basicamente, consiste da aplicação de pinceladas mais claras e imprecisas no segundo plano, para reforçar a sensação de profundidade.

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8 • Ilusão de ótica
Alguns especialistas defendem que o desnível da paisagem de fundo (mais alta no lado direito de quem olha) induz o observador a cair em uma pegadinha: tem-se a impressão de movimento no canto da boca de Mona Lisa, como se ela começasse a esboçar uma risadinha.

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Sfumato
Mona Lisa foi a primeira pintura de Da Vinci feita com sfumato, técnica que ele mesmo inventou. Sua aplicação suaviza contornos, reduz contrastes e proporciona degradês sutis, como se a cena estivesse esfumaçada. Daí o nome em italiano.

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Sorriso enigmático
Embora muito já tenha sido especulado sobre esse tema, uma radiografia do quadro sugere que, originalmente, não havia risadinha nenhuma estampada no rosto de Mona Lisa. Ela seria resultado da intervenção desastrada dos vários restauradores que trabalharam na obra ao longo dos anos.

Sobrancelhas raspadas
A ausência de sobrancelhas também pode ser obra de um restaurador destrambelhado, que as teria apagado ao usar um solvente. Há quem acredite, porém, que Lisa sofresse de alopecia, um mal que provoca queda de pelos.

Do banheiro do rei ao quarto do imperador

O mercador Francesco del Giocondo encomendou o retrato de sua esposa com a firme intenção de pendurá-lo no lugar mais nobre da casa, a sala de jantar. Mas o quadro nunca ocupou esse espaço. Leonardo da Vinci, como lhe era de hábito, descumpriu todos os prazos combinados. Só foi entregar a obra três anos depois de iniciá-la – e, mesmo assim, considerando-a inacabada.

Enfurecido com a demora, Giocondo se recusou a pagar. E o quadro acabou indo parar, anos mais tarde, na parede de um dos banheiros de Francisco 10, rei da França. O monarca teria desembolsado por ele 15,3 quilos de ouro. No fim do século 18, Mona Lisa cairia nas mãos de outro personagem dos livros de história: Napoleão Bonaparte. O imperador era tão encantado pelo quadro que o mantinha em seus aposentos, no Palácio das Tulherias. No século 19, a obra seria incorporada ao acervo do Louvre, onde está até hoje.

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