Elas têm o mesmo objetivo, mas agem de formas diferentes. Entenda em quais situações cada uma é indicada.
Texto: Bruna Reis | Edição de Arte: Caju Design
Design: Andy Faria | Imagens: Otávio Silveira
e há um legado positivo da Segunda Guerra Mundial, é a invenção de procedimentos que, a partir da década de 1950, vieram a ser as principais formas de combate ao câncer. Cientistas observaram que soldados expostos a armas químicas apresentavam baixa contagem de esperma, vômito e queda de cabelo. Concluíram, então, que os quimioterápicos afetam o organismo onde há reprodução celular acelerada, como espermatozoides, folículos capilares e… tumores. Já a radioterapia é a herança boa dos estudos que resultaram nas bombas de Hiroshima e Nagasaki.
Sessões de quimioterapia e de radioterapia foram, por décadas, praticamente os únicos tratamentos eficazes contra o câncer fora das mesas de cirurgia. Enquanto a quimio atinge todo o organismo, a radioterapia atinge apenas o tumor – e as células por perto. Mas ambas são agressivas e generalistas. Ao atingir também células saudáveis, acabam até debilitando mais do que auxiliando os pacientes. Daí a revolução recente das terapias-alvo, que atacam diretamente as células doentes de forma mais objetiva.
A dupla quimio & rádio, no entanto, está longe de ser descartada, porque combater o crescimento do tumor é fundamental. A boa nova é que são cada vez menos agressivas. Se, na década de 1970, uma sessão com o quimioterápico cisplatina fazia um paciente vomitar até 16 vezes, hoje ele é ministrado com antinauseantes que reduzem para até duas ou três. A queda de cabelo também é mais sutil.
E a radioterapia, com as tomografias computadorizadas e os aceleradores de partículas em 3D, praticamente não tem efeito colateral. O tumor é atingido por feixes de radiação com precisão milimétrica. A cura ainda está longe, mas ao menos a figura clássica do paciente de câncer — careca, magro e debilitado — vai ficando para trás.
QUIMIOTERAPIA
Um coquetel varre o corpo em busca do câncer, mas também atinge células inocentes.
1 • O início – Um coquetel de medicamentos é preparado de acordo com o tumor e as medidas do paciente e ministrado com remédios contra seus próprios efeitos colaterais. Entra na corrente sanguínea pelas veias do braço, pela medula espinhal ou por cateteres na região do tumor.
2 • A caça – O câncer estabelece um suprimento de energia em torno de si por meio de vasos sanguíneos e fica vulnerável ao medicamento. Uma vez
na corrente sanguínea, a quimioterapia “caça” o câncer pelo organismo.
3 • O combate – Os quimioterápicos impedem a divisão do núcleo da célula, que levaria à multiplicação celular. Células saudáveis que também estão se multiplicando acabam atingidas da mesma forma, daí os efeitos colaterais.
4 • O fim – Impedidas de se multiplicar, as células cancerígenas morrem e o líquido quimioterápico é expelido pelo organismo. Com o tempo, os tecidos saudáveis prejudicados pelo tratamento voltam a se multiplicar.
RADIOTERAPIA
Um feixe de radiação milimetricamente delimitado impede a vida do câncer.
A • 3D – A Radioterapia de Intensidade Modulada é utilizada para tumores com localização precisa no organismo. Por meio de ressonância, delimita-se em 3D a área exata a ser atingida, preservando tecidos vizinhos.
B • O combate – Emitido por um acelerador de partículas, o raio X desestabiliza o DNA das células doentes, impedindo sua multiplicação. Assim acelera-se o processo natural de morte celular, por deteriorização do DNA.
C • O fim – O câncer então começa a definhar. Repetidas sessões são necessárias para reduzir o tumor até o tamanho desejado ou desaparecer por completo. Pela sua precisão, a radiação tem efeitos colaterais mínimos.
D • Cirurgia – A radioterapia pode ser feita como um preparo antes de cirurgias de retirada do tumor, para torná-lo menor e o procedimento menos invasivo. O contrário também acontece: a cirurgia é feita e, depois, a radioterapia é utilizada para “limpar” o que restou do tumor na região.