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A intelectual do strip-tease

Especialista na arte de se despir, Gypsy Rose Lee era mais - muito mais - que um corpinho bonito

Por Cíntia Cristina da Silva
Atualizado em 31 out 2016, 18h23 - Publicado em 31 jul 2007, 22h00

Gypsy Rose Lee costumava dizer que, para ser stripper, tudo o que uma garota precisava era “não ter talento algum”. Mas taí algo que ela tinha de sobra, além do corpo escultural, é claro. A rainha do strip-tease nasceu Rose Louise Hovick em 1911, em Seattle, EUA. Começou a labutar cedo. Forçada pela mãe, Madame Rose, participava de espetáculos teatrais desde os 7 anos de idade. Ela queria fazer de Gypsy uma estrela e não media esforços. Chegou a dizer à filha que seu cãozinho de estimação tinha morrido, quando precisou extrair lágrimas da garota durante uma apresentação. A lorota funcionou.

A matriarca Hovick era tão controladora que Gypsy sonhava em ganhar algum dinheiro para se livrar dela. Conseguiu, no início da década de 1930, ao criar um espetáculo combinando strip-tease e textos cômicos, de imediato um sucesso. Naquela época, uma stripper não mostrava muita coisa. Gypsy compensava a falta de carne com humor. Tirava peça por peça muito lentamente e apimentava o show com frases de efeito e textos espirituosos. Um de seus monólogos mais famosos explicava por que era impossível fazer um strip ouvindo música clássica. Tratava-se, segundo ela, de uma questão de ritmo… dos quadris, não das notas musicais da obra em questão.

Logo a fama da “stripper literária” ultrapassou os limites dos inferninhos nova-iorquinos e chegou aos círculos intelectuais – era amiga da escritora Carson McCullers e do poeta W.H. Auden, entre outros. No auge do sucesso, escreveu o livro de mistério The G-String Murders (algo como “Os Assassinatos do Fio Dental”), adaptado ao cinema em A Morte Dirige o Espetáculo, com Barbara Stanwyck no papel de uma dançarina que investiga a morte de duas colegas de cena. Foi amante do produtor de cinema Mike Todd (mais conhecido como o 3º marido de Elizabeth Taylor) e teve um filho com o diretor de cinema Otto Preminger (de Anatomia de um Crime).

Gypsy Rose Lee foi uma das primeiras mulheres a faturar muito alto com a exposição do próprio corpo no showbiz americano. Quando morreu de câncer, em 1970, deixou um patrimônio estimado em US$ 1 milhão – montante que, de fato, era o suficiente para tornar alguém milionário naquela época.

 

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Grandes momentos

• Em 1937, Gypsy foi para Hollywood, graças a um contrato com o estúdio 20th Century Fox. As autoridades exigiram que o estúdio não fizesse propaganda sobre as habilidades da stripper e que ela adotasse seu nome de batismo, Louise Hovick. Resultado: de grande estrela, Gypsy se tornou mais uma figurante.

• Nos anos 60, estrelou seu próprio programa de TV, o The Gypsy Rose Lee Show. e fez uma ponta num episódio do aloprado seriado Batman (aquele mesmo dos Pow! Smash! Soc!).

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• No cinema, Natalie Wood interpretou Gypsy Rose Lee no filme Em Busca de um Sonho (Gypsy, 1962).

 

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