A porção mulher da Relatividade
Cartas escritas por Albert Einstein mostram que sua primeira mulher, Mileva Maric, teve importante participação nas suas descobertas científicas.
Albert Einstein talvez não merecesse ter ficado com todas as glórias pela paternidade da primeira das idias que abalariam a ciência deste século – a Teoria especial da Relatividade, publicada em 1905. Com base em cartas do próprio Einstein e na memórias do físico russo Abraham Joffe, falecido em 1960, o também físico Evan Harris Walker, de Maryland Estados unidos, sustenta que aquela teoria, longe de ser uma criação solitária, é fruto de um trabalho de duas cabeças – a do próprio Einstein e a de Mileva Maric, colega sua na Escola Politécnica de Zurique, Suiça. Eles se casaram em 1914 e finalmente se divorciaram cinco anos depois. Em cartas que lhe escreveu antes do casamento, Einstein se referia frequentemente a “nosso trabalho”, “nossa pesquisa”, “nossa teoria”.
Uma carta em especial parece dar razão a Walker quando atribui à Mileva a co-autoria da Relatividade Especial. “Ficarei tão orgulhoso”, antecipara Einstein “quando nós dois juntos tivermos conduzido nosso trabalho sobre o movimento relativo à uma conclusão exitosa.” O russo Joffe, por sua vez, escreveu ter tido acesso à manuscritos assinados Einsten-Maric . Os originais foram publicados apenas com assinatura de Einstein – e desapareceram. A favor da hipótese do físico americano, manifestou-se a linguista alemã Senta Troemel-Poetz. “Era normal os homens se apropriarem do trabalho das mulheres e ficarem com o crédito por eles”, lembra “E Einstein era um homem muito normal.”Contra Walker, insurgiu-se o professor John Stachel, da Universidade de Boston e editor dos documentos reunidos de Einstein. “As provas disponíveis”, contesta, “sugerem que o papel de Mileva foi de ouvir e comentar as idéias de Einsten.” E o “nosso trabalho”, a “nossa teoria”? Coisa de apaixonado, desdenha Stachel.