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A Rússia retomasse seu expansionismo?

No livro, o renascimento russo é alimentado por simpatizantes do movimento pró-soviético e comandado por um líder carismático.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h26 - Publicado em 30 nov 2007, 22h00

Texto Pedro Burgos

A Rússia é um país gigante, com pretensões proporcionais aos seus 11 fusos horários, 7 mil ogivas nucleares e, a partir de 2008, a maior produção de petróleo do mundo. É bem verdade que nos últimos 20 anos – desde o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) – a economia russa está capenga e o Exército, sucateado, não mete muito medo no mundo. Ou não metia. Muita gente importante na Rússia já sonha com a volta do grande império. Uma dessas pessoas é o ex-deputado Mikhail Yuryev, amigo do presidente Vladimir Putin, que acaba de escrever o romance O Terceiro Império (apenas em russo), em que descreve como o país vai dominar o mundo. A história resulta, em 2053, no mapa ao lado.

No livro, o renascimento russo é alimentado por simpatizantes do movimento pró-soviético e comandado por um líder carismático. No mundo real, Putin é um bom candidato a esse papel: ele tem enorme popularidade e já disse lamentar o colapso da URSS. A ficção não é de todo absurda, segundo Lytton Guimarães, professor de relações internacionais da UnB: “A Rússia não tem tradição democrática. Passou de império direto para o socialismo. Lá é normal tudo ser centralizado.” Mas o professor acha que o expansionismo não iria além das ex-repúblicas soviéticas (veja na página ao lado os furos da fantasia de Yuryev) sem detonar uma guerra de destruição total com os EUA. Para contornar esse “detalhe”, o autor tira da cartola um campo magnético contra bombas nucleares sobre a Rússia.

Delírios megalomaníacos à parte, o mundo nunca deixará de vigiar os russos. Como disse o historiador inglês Max Hastings: “Nós podemos esperar não ser obrigados a lutar contra a Rússia no século 21. Mas seria inocente supor que poderemos nos sentar ao lado dessa perigosa e emotiva besta com tranqüilidade e segurança”.

A coisa ficou ruça

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Como seria o mundo dominado pelos russos, segundo o livro O Terceiro Império

Europa

A Europa é dominada pelos russos. A capital econômica do império muda para Berlim (o governo segue em Moscou).

Israel

Isolado dos 5 grandes blocos, o estado judaico constrói um canal em volta de seu território, tornando-se uma ilha.

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Brazil

Sem poder combater a Rússia, os EUA formam um enorme Estado com os vizinhos de continente, inclusive nós.

China

Enquanto a Rússia avança para o oeste, a China ataca o sudeste da Ásia e finca as garras na Austrália e na Nova Zelândia.

Islã

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A grande nação muçulmana abarca a África, desprezada pelos outros impérios. A Índia conquista a Indonésia.

Notícias do império

As obras colossais e as conseqüências da hegemonia global Russa

É bomba

Para mostrar força sem fulminar o inimigo, os russos jogam mísseis nucleares nos desertos do sudoeste americano, pouco populosos.

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Escudo

Os EUA, é claro, reagem ao ataque russo. Mas um escudo magnético desativa o dispositivo nuclear das bombas antes de elas tocarem o solo.

Calor

O império russo explora um tipo bem alternativo de energia: cava buracos no fundo do oceano para aproveitar as ondas de calor da corrente do Golfo.

Muralha

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Um dique ao longo de todo o litoral ártico da Rússia – 12 mil quilômetros – é construído para conter as inundações decorrentes do aquecimento global.

Igreja

Expulso de Roma pelos russos, o Vaticano se instala na América Latina. A Turquia, hoje muçulmana, se torna um país de maioria cristã ortodoxa.

Por que o livro viaja no estrogonofe

• A peste e a vodca sabotariam todos os planos de dominar o mundo. “Um dos principais problemas da Rússia hoje é a alta mortalidade da população por doenças como aids e tuberculose. E muitos homens morreriam por problemas relacionados ao alcoolismo”, afirma o professor Lytton. Sem homem não há Exército.

• Tão difícil quanto imaginar a Rússia tomando a Europa é pensar no mundo todo dividido em blocos. Venezuela, Brasil e EUA sob uma mesma bandeira é muito improvável. Assim como um “califado” único cobrindo todos os países árabes, como o autor imagina. Dentro do islamismo há diversas correntes que não se dão muito bem.

• Antes de partir pra cima dos vizinhos, é preciso arrumar a casa. “A Rússia ainda é um país de 100 idiomas e muitas etnias. Como aconteceu na Chechênia, há potencial para outros conflitos internos. Isso também deve ser levado em conta”, avalia Lytton.

• Pode faltar dinheiro. Por enquanto a Rússia vai bem, já que tem bastante petróleo. Mas, como o mundo quer se livrar da dependência dos combustíveis fósseis, a fonte de rublos pode secar.

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