Você já imaginou alguma vez o Mar Mediterrâneo seco? Pois um dia isso aconteceu. Foi há exatos 5,96 milhões de anos, mudando toda a geografia entre a África e a Europa. Quem diz isso é uma equipe internacional de geólogos, que determinou a data precisa em que ele ficou 1 000 metros abaixo do nível atual. A SUPER reconstituiu o cenário com a ajuda de um dos participantes da pesquisa, o americano Douglas Wilson, da Universidade da Califórnia. “A falta d’água aconteceu depois que movimentos da crosta terrestre elevaram montanhas, bloqueando o Estreito de Gibraltar, que liga o Mediterrâneo ao Oceano Atlântico”, explicou Wilson. O isolamento fez com que a água do mar evaporasse. A Terra, então, passava por um período muito quente porque estava um pouco mais próxima do Sol. “A situação só começou a voltar ao normal 660 000 anos depois, quando as montanhas cederam a seu próprio peso e a erosão acabou por reabrir a conexão com o Atlântico”, diz Wilson.
Da Europa à África por terra
Há 5,96 milhões de anos, o Mar Mediterrâneo virou um laguinho.
Abalos sísmicos elevaram montanhas que fecharam a ligação entre o mar e o Oceano Atlântico. Sem o Atlântico para abastecê-lo, o Mediterrâneo foi evaporando. E o nível da água acabou descendo 1 000 metros.
As ilhas de Córsega e Sardenha viraram um braço do continente europeu.
Os mares Adriático e Egeu secaram completamente. Era praia que não acabava mais.
Entre a Tunísia e a Sicília sobrou só uma poça d’água.
A Sicília se colou à bota italiana.