As catacumbas de São Paulo
Para protestar contra a poluição, a sujeira e o descaso, um artista paulistano transformou um túnel em um ossuário.
Texto Denis Russo Burgierman
Quem passa de carro pelos túneis de São Paulo tem a impressão de que as paredes são pretas. Não são. No túnel da avenida 9 de Julho, que passa embaixo da Faria Lima, por exemplo, elas são amarelas. Mas as toneladas de fuligem emitidas pelos escapamentos – um pó fino, negro, leve – vão lentamente se acumulando, até cobrir tudo, de maneira tão uniforme e completa que dá a impressão de que sempre foi assim. Na madrugada de 13 de julho, o artista Alexandre Órion vestiu roupas escuras e uma máscara de gás, pegou várias dezenas de sacos de pano e entrou a pé no túnel. Era uma intervenção urbana.
Reportagem fotográfica