Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Batalha do Somme, o pior pesadelo

Cerca de 1,1 milhão de baixas em apenas 4 meses de luta. Foi esse o resultado de uma das campanhas militares mais sangrentas de todos os tempos.

Por Ricardo Bonalume Neto
Atualizado em 6 mar 2020, 13h49 - Publicado em 30 abr 2008, 22h00

“Bom progresso em território inimigo. Dizem que as tropas britânicas têm lutado com a maior galhardia e nós capturamos muitos prisioneiros. O dia está correndo muito bem para a Grã-Bretanha e a França.” Nesse telegrama enviado para a agência internacional de notícias Reuters pelo correspondente de guerra Herbert Russell, em 1º de julho de 1916, tudo parecia estar indo de vento em popa. Era o início da Batalha do Somme, uma ofensiva aliada em resposta ao avanço dos alemães na região de Verdun, em território francês ocupado.

A verdade, porém, passava longe, mas muito longe mesmo, das otimistas palavras escolhidas por Russell em seu boletim. Apenas no primeiro dia do ataque, o Exército britânico perdeu quase 60 mil soldados. E essa seria apenas uma pequena amostra do massacre que ainda viria pela frente. A ofensiva só terminaria 4 meses depois, com um saldo aterrorizante: mais de 1,1 milhão de baixas dos dois lados, entre mortos, feridos e desaparecidos. A Batalha do Somme entraria para a história como a mais sangrenta da 1ª Guerra Mundial – e uma das mais terríveis de todos os tempos.

Avanço suicida

O comando aliado tinha grandes planos para 1916. A idéia do general francês Joseph Joffre era promover um amplo avanço, que começaria mais para o meio do ano e, se tudo desse certo, colocaria fim à guerra. Mas a Alemanha atacou antes, em fevereiro, na região de Verdun. Seu objetivo: destruir as tropas da França numa violenta batalha de atrito. Para aliviar a pressão sobre os franceses, deu-se início à campanha do Somme, mais ao norte, empreendida principalmente por tropas britânicas comandadas pelo general Douglas Haig. A ofensiva pretendia obrigar os alemães a deslocar para lá parte da artilharia usada em Verdun. A estratégia deu certo, mas não impediu que as duas campanhas se transformassem nos maiores pesadelos da guerra.

O avanço sobre as linhas de defesa alemãs no Somme foi precedido por uma semana de bombardeios. Cerca de 1,5 mil canhões, obuseiros e morteiros foram disparados contra uma frente de batalha que se estendia por 30 quilômetros. Segundo o historiador John Keegan, no livro First World War (1ª Guerra Mundial”, sem tradução para o português), as forças britânicas envolvidas na operação tinham ao seu dispor quase 3 milhões de granadas explosivas de artilharia. O ataque parecia arrasador, mas apresentava falhas graves. Ele não atingia os soldados alemães protegidos nos abrigos subterrâneos das trincheiras e abria crateras no solo que, em seguida, seriam usadas pelo inimigo como ninhos de metralhadoras.

Assim que o fogo da artilharia aliada cessou, na manhã de 1º de julho, teve início o avanço das tropas franco-britânicas. Soldados empunhando fuzis abandonaram suas trincheiras e começaram a atravessar a “terra de ninguém”, o espaço que variava de 400 a 800 metros e separava as linhas de defesa inimigas. Os alemães imediatamente saíram dos abrigos e guarneceram suas posições. Desse momento em diante, nada mais foi ouvido além de disparos de canhões, explosões de granadas e rajadas de metralhadoras. Aquele seria o pior dia na história militar da Grã-Bretanha. Dos mais de 100 mil homens destacados para a ofensiva, 58 mil ficaram pelo caminho. Desses, pelo menos 21 mil entraram para as estatísticas da guerra como mortos ou desaparecidos. A maioria foi morta pelo fogo preciso das temidas metralhadoras Maxim alemãs. “O conflito na região do Somme revelou-se uma grande máquina de moer carne humana, dignificada com o nome de batalha”, escreve o historiador britânico John MacDonald no livro Great Battlefields of the World (“Grandes Campos de Batalha do Mundo”, sem tradução para o português).

Continua após a publicidade

Arma secreta

Depois do primeiro dia, os britânicos até conseguiram avançar alguns poucos quilômetros sobre território inimigo. Mas nem chegaram perto de seu real objetivo: um espetacular e decisivo rompimento da linha de defesa alemã. Até uma “arma secreta” – o tanque de guerra britânico Mark I – foi usada pela primeira vez. Os resultados práticos, no entanto, foram decepcionantes. Dos 50 modelos empregados na batalha, a maioria acabou imobilizada por defeitos mecânicos.

SI_Somme_1
(Wikimedia Commons/Domínio Público)

Os combates no Somme se estenderam até 18 de novembro de 1916, quando as chuvas de inverno começaram a impedir qualquer tentativa de avanço. Embora os números relativos à 1ª Guerra sejam sempre aproximados, já que milhares de combatentes mortos nem sequer foram sepultados, calcula-se que a Grã-Bretanha tenha perdido 420 mil soldados. Entre os franceses, que participaram dessa batalha em menor número, as baixas chegaram a 200 mil. O preço mais alto, no entanto, foi pago pelos alemães: cerca de 500 mil combatentes mortos ou feridos.

Continua após a publicidade

BATALHA DO SOMME

Quando: 1º de julho a 18 de novembro de 1916.

Onde: região do rio Somme, França.

Adversários: França, Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Terra Nova, África do Sul x Império Alemão.

Continua após a publicidade

Baixas: 620 mil mortos, feridos ou desaparecidos x 500 mil mortos, feridos ou desaparecidos.

Resultado: vitória aliada.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.