Blaise Pascal
O jovem brilhante que inventou, aos 19 anos, o precursor dos primeiros computadores. Em pleno século 17
O jovem Blaise Pascal era tão precoce que, quando enviou uma demonstração matemática para a apreciação de René Descartes, o famoso pensador ficou convencido de que o trabalho havia sido feito pelo pai dele. Havia um refinamento que não poderia – pelo menos aos olhos de Descartes – ter partido de um rapaz de 16 anos.
O pai de Pascal, Étienne, tinha talentos para a matemática e havia sido o responsável pela educação de Blaise, mas era inegável que o filho, mesmo adolescente, era muito mais ágil intelectualmente que ele. Um garoto prodígio, sem dúvida.
Nascido na França em 1623, Blaise Pascal teria uma vida tão curta quanto brilhante. Inventor de rara habilidade, ele criou a primeira calculadora mecânica. O dispositivo, batizado de pascalina, era capaz de fazer contas de somar e subtrair, mas não se tornou um sucesso comercial em razão principalmente de seu altíssimo custo.
Ainda assim, a máquina é considerada o primeiro precursor do computador moderno. E Pascal a projetou e construiu quando tinha apenas 19 anos.
CIÊNCIA BÁSICA
O menino prodígio também contribuiu enormemente com outros campos de pesquisa, derrubando alguns tabus que duraram séculos, como a noção aristotélica de que “a natureza abomina o vácuo”. Realizando experimentos com mercúrio, ele demonstrou que a presença do vazio na natureza era uma possibilidade bem concreta – o espaço sideral que o diga.
Matemático fenomenal, Pascal também teve uma participação fundamental no desenvolvimento da teoria das probabilidades. Seus trabalhos eram de grande sofisticação e inteligência, mas o francês mantinha sempre um pé na realidade.
“O ponto de partida de Pascal era sempre um fato concreto ou uma questão prática”, defende William Shea, historiador da ciência da Universidade de Pádua, na Itália, que estudou a vida e a obra do gênio francês.
No caso do estudo das probabilidades, por exemplo, a investigação foi motivada por um problema trazido a ele por um amigo, preocupado com jogos de azar. Pascal e o eminente matemático Pierre de Fermat trocaram várias cartas tratando do tema e lançando as fundações da teoria, embora jamais tenham formalizado a matemática das probabilidades em alguma publicação.
Em 1654, uma experiência mística desviou Pascal de sua carreira científica. Uma visão o levou a anotar diversas passagens bíblicas num papel e levá-las consigo no bolso aonde quer que fosse. De saúde frágil e recusando-se a se tratar por razões religiosas, ele morreu em 1662, aos 39 anos.