Cantor castrado ganhava voz aguda
Extraindo-se os testículos dos adolescentes, acaba a produção do testosterona, inibindo-se o alongamento da laringe.
Por que castravam-se cantores entre os séculos XVII e XIX?
Para proporcionar a um homem a voz aguda de soprano, característica das mulheres. O costume surgiu porque a maior parte dos grandes corais funcionava nas Igrejas, que proibiam a presença de mulheres. A criança do sexo masculino tem voz aguda porque sua laringe é pouco alongada. Fazendo uma comparação com os instrumentos musicais de sopro, podemos dizer que, quanto maior o canudo, mais grave é o som do instrumento e, quanto menor, mais fino o som. Quando o jovem começa a entrar na puberdade, seu organismo passa a produzir a testosterona, um hormônio responsável, entre várias outras coisas, pelo alongamento da laringe e pela mudança da voz.
A castração consistia na extração dos testículos, os órgãos que produzem o hormônio, que eram retirados do saco escrotal ou cortados fora, junto com ele. “Castrando-se o menino, diminuía bastante a produção de testosterona e conseqüentemente o crescimento da laringe”, explica o endocrinologista Vaê Dichtchekenian, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Quanto menor a laringe, mais fina a voz. Sendo assim, o indivíduo continuava com a voz aguda de uma criança que não entrou na puberdade.