Astrônomos brasileiros “redescobriram” a queda de um meteoro na floresta amazônica há 66 anos. Em 1930, um padre relatou a colisão ao Vaticano. Só nos últimos dois anos, os cientistas começaram a seguir as poucas pistas que resistirarm ao tempo: fotos do satélite americano Landsat mostram falhas suspeitas no meio da mata, próximo ao Rio Curuçá. “Parecem existir três rmarcas”, comentou à SUPER Paulo Martins Serra, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em Cachoeira Paulista, São Paulo. “Pelo menos uma delas, com 1,2 quilômetro de diâmetro, pode ser o que restou do buraco criado pelo impacto.” Se tudo se confirmar, isso quer dizer que o Brasil teve uma reedição do famoso bólido que derrubou a floresta de Tunguska, na Sibéria, em 1908. Bem menor, é claro. O russo provocou uma explosão de 100 megatons, e o brasileiro, 1 megaton, no máximo. “Ainda assim, a queda de um corpo tão grande só 22 anos depois de Tunguska é importante para apurar os cálculos que dão a probabilidade de grandes impactos”, afirma Ramiro de la Reza, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro. Hoje, calcula-se que meteoros como o de Curuçá caem em algum lugar do globo a cada cinqüenta anos.
1. Rio Curuçã, Estado do Amazonas, cerca de 7 horas da manhã do dia 13 de agosto de 1930. Uma bola de fogo atravessa o céu
2. Alguns segundos depois, uma grande explosão abala o solo. O estouro é ouvido num raio de 240 quilômetros e o abalo é registrado num observatório sísmico chileno, como um terremoto de magnitude 7 na escala Richter
3. Na época, índios e seringueiros da região nada entenderam. A única testemunha viva da queda, Raimundo Clemente da Silva, hoje com 87 anos, pensou que era “um planeta se mudando para cá”