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Como o mundo vai acabar

Cada cultura tem um jeito de explicar como tudo vai terminar

Por Evanildo da Silveira
Atualizado em 31 out 2016, 18h28 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

Mazdaísmo

O Bem e o Mal na primeira religião monoteísta

À semelhança de outros mitos do fim dos tempos, o fogo tem papel central no mazdaísmo, religião criada pelo persa Zoroastro, também conhecido com Zaratustra, que viveu onde hoje fica o Irã, provavelmente entre 630 e 553 a.C. Filho de camponeses, aos 30 anos ele teria ido morar sozinho no deserto, de onde saiu com os princípios da nova religião.

Foi um dos primeiros cultos monoteístas de que se tem notícia e logo se espalhou pela Pérsia, tendo influenciado posteriormente o desenvolvimento do judaísmo e do cristianismo. Hoje, a religião de Zoroastro ainda é seguida pelos parsis da Índia, que migraram para aquele país depois da ascensão do islamismo no século 7. Seu deus era Ahura Mazda, que vivia lutando com sua antítese maligna, Arimã, pelo controle do universo.

O fim dessa longa guerra está descrito no Zend Avesta, livro escrito por Zoroastro no século 5 a.C., no qual proclama a nova religião. Num futuro não determinado, Ahura Mazda enviará à Terra seu último profeta, Saoshyans, para realizar o julgamento final dos seres humanos. Para isso, todos serão ressuscitados. As montanhas então derreterão pelo fogo e o mundo será coberto por um oceano de lava e metal incandescente.

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Como prova final, os vivos e os mortos ressuscitados terão que atravessá-lo descalços. Apenas os justos conseguirão transpor o oceano de fogo sem se queimar. Os pecadores arderão nas chamas para serem purificados. Arimã será destruído e o mundo ressurgirá das cinzas, agora sem o mal para sempre.

Judaísmo
Ortodoxos acreditam que o Messias virá no ano 2240

Entre os muitos profetas da Bíblia, um dos mais importantes é Daniel, que teria vivido no século 5 a.C. O livro de Daniel, do Antigo Testamento, foi escrito três séculos depois por autor desconhecido. Mas traz relatos da vida dele e de suas profecias para o fim do mundo. Os sinais de que ele estará próximo incluem o aparecimento de “quatro bestas enormes”. A primeira seria como um leão com asas de águia; a segunda, semelhante a um urso, com três costelas entre os dentes; a terceira, um leopardo com quatro asas de ave em seu dorso.

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A quarta besta seria “terrível, espantosa, extraordinariamente forte” com “enormes dentes de ferro, comia e triturava e o restante pisoteava com suas patas”. Elas precederiam o fim dos tempos. No judaísmo, o relato desse apocalipse não é muito claro. Muitos acreditam, por analogia, que assim como Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, sua criação durará 6 mil anos de atribulações, trabalho e sofrimento, e no sétimo milênio será inaugurada uma era de harmonia entre os homens e entre eles e Deus.

Antes disso, chegará o Messias para preparar as pessoas para essa era. Para alguns, outros eventos também assinalarão que esse tempo está próximo, como a derrota de todos os inimigos de Israel, a construção do terceiro Templo de Jerusalém e a ressurreição dos mortos. Para alguns judeus ortodoxos, há até uma data: 2240 do calendário cristão.

Islamismo
A trombeta do anjo apagará a luz do Sol e da Lua

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“Tudo quanto existe na terra perecerá. E só subsistirá o Rosto do teu Senhor, o Majestoso, o Honorabilíssimo”, diz a 55ª Surata, versículos 26-27, do Alcorão. É um anúncio do fim dos tempos para os muçulmanos. Assim como no cristianismo, no islamismo também há a crença no dia do Juízo Final, quando Deus ressuscitará e julgará os mortos, mandando os justos para o céu e os pecadores que não se arrependerem para o inferno. Não há data para o evento.

Antes disso, haverá a batalha final entre o representante do mal, o “falso profeta” Dajjal, uma espécie de anticristo, e Mahdi, O Bem Guiado, algo como um messias islâmico. Este contará com a ajuda de Issa, o “filho de Mariam”, que ninguém mais é do que Jesus. Depois de destruírem Dajjal, Mahdi e Issa consolarão os que sofreram em suas mãos.

O combate será anunciado pela trombeta do anjo Israfil. No princípio o som será melodioso, mas se intensificará e se tornará tão forte e assustador que destruirá o universo, levando à morte todos os seres vivos, reduzirá a pó todas as construções e fará as montanhas voarem pelo espaço, como flocos de algodão. As estrelas, o Sol e a Lua perderão sua luz e seu brilho e o céu se partirá. Por ordem de Deus, Israfil tocará a trombeta pela segunda vez. “E a trombeta será soada, e ei-los que sairão dos seus sepulcros e se apressarão para o seu Senhor.’’

Vikings

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Uma batalha final em que nem os deuses sobrevivem

É provável que entre todos os mitos do fim do mundo conhecidos nenhum seja tão violento e devastador quanto o dos vikings, povo que habitava a Escandinávia na Idade Média. Dele, ninguém escapa, nem Odin, o principal deus do panteão nórdico.

Trata-se da lenda do Ragnarok, A Morte dos Deuses, narrada nos Eddas, conjunto de relatos míticos escritos por volta do século 13. Essas divindades viviam num lugar chamado Asgard, sob o comando de Odin. O lado do mal era liderado por Loki, expulso de Asgard e trancafiado numa prisão por causa de suas intrigas contra os parentes divinos.

O fim dos tempos começa com o Fimbulvetr, um inverno que durará três anos. Loki escapará da prisão e comandará um exército de monstros e criaturas malignas contra as tropas de Odin. Entre eles, estão Fenrir, o lobo demoníaco, e Jormungad, uma serpente que emerge das profundezas do oceano. Heimdall, o arauto dos deuses, tocará sua trombeta para alertá-los e a guerra começa.

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Nela, Thor, o deus do trovão, mata Jormungad, mas é morto pelo veneno expelido pela serpente moribunda. Loki e Heimdall lutam e um é morto pelo outro. Odin ataca Fenrir, mas morre em suas mandíbulas. Vidar, seu filho, vinga sua morte, destruindo o lobo. Por fim, não sobrará pedra sobre pedra. A Terra e o próprio universo se incendiarão e todos os deuses morrerão, assim como a humanidade.

Mas não é o fim. De algum modo, surgem um novo universo e uma nova Terra, que serão governados por uma nova geração de deuses. Um novo casal de humanos aparece e tudo recomeça. Diferentemente de mitos hindus, o Ragnarok não prevê um outro fim e outro recomeço. Tudo vai começar do zero.

 

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