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Conheça mais sobre Bento Rodrigues, o lugar que pode deixar de existir

O distrito de Mariana foi um dos principais atingidos pela catástrofe causada pelo rompimento das barragens do Fundão e de Santarém. Os danos foram tão severos que, provavelmente, ninguém vai conseguir voltar para lá

Por Ana Luísa Fernandes
Atualizado em 4 nov 2016, 19h02 - Publicado em 12 nov 2015, 17h15

Bento Rodrigues, provavelmente, não vai mais existir. Com aproximadamente 600 habitantes, o povoado foi engolido pela lama das barragens rompidas da mineradora Samarco. O distrito de Mariana, que nasceu pela atividade mineradora, também vai acabar por causa dela.

No século 18, a extração de minérios era uma das principais atividades econômicas do Brasil: só nesse esse período, Portugal recebeu cerca de 800 toneladas de ouro do país. Foi durante essa época que surgiram as estradas reais, usadas para desbravar o interior brasileiro, conectando as regiões mineradoras com o litoral carioca. E com as estradas nasceram cidades, entre elas Mariana e Ouro Preto, e os pequenos distritos, como Bento Rodrigues. A Igrejinha de São Bento, que nasceu junto com o município há quase três séculos e é um dos mais importantes bens culturais da região, foi completamente soterrada.

A arquitetura colonial e as cachoeiras faziam da pequena cidade um ponto turístico pouco explorado, como diz Adriane Melo, professora de Geografia da escola Bento Rodrigues: “O lugar tinha potencial turístico, porém, não havia muita vontade política, pois até os dias atuais a estrada não havia sido pavimentada”. Segundo ela, as atividades econômicas eram baseadas na agricultura familiar e de subsistência. Mas o que gerava emprego mesmo era a Samarco: “A empresa tem uma representatividade econômica muito grande em toda a região, empregando pessoas direta e indiretamente”.

Recentemente, algumas mulheres da comunidade se reuniram para produzir um produto artesanal, que era vendido nas cidades vizinhas e em breve seria exportado:  a geleia da pimenta biquinho. O grupo plantava e colhia as pimentas e depois fabricava o doce no tacho.

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A Escola Municipal Bento Rodrigues tinha aproximadamente 50 pessoas na hora do acidente, entre alunos e funcionários. Vinte minutos antes de a lama atingir o local, todos foram removidos para perto do cemitério, ponto mais alto do local. Professores tiveram que passar a noite no meio da vegetação com os alunos, aterrorizados, como conta Adriane. Sobre a possibilidade de que o distrito não seja recuperado, ela diz: “Isso não pode acontecer de forma alguma. As pessoas já perderam tudo que tinham, só sobraram os laços afetivos e memórias coletivas”.


 

Atualmente, o local está vazio: apenas as equipes de resgate transitam por lá, e os mais de 600 desabrigados estão acomodados em hoteis nas cidades vizinhas. Segundo cálculos de especialistas ambientais, para que Bento Rodrigues se recupere totalmente do tsunami de lama, levaria aproximadamente 15 anos. Enquanto isso, Adriane tenta ajudar os alunos de outras maneiras, com a expectativa crescente para o retorno das aulas: “Estou fazendo visitas aos hotéis e marcando com eles na praça para dar um pouco de afeto, porque eles estão muito abalados. As aulas voltam na semana que vem, em uma escola em Mariana”.

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