Croácia: de onde vem o xadrez vermelho e branco, símbolo do país?
Conheça o rei que pode ter inspirado a criação da estampa e os detalhes sobre a formação do país – o próximo adversário do Brasil na Copa.
Há mais do que futebol em época de Copa do Mundo. É tempo também, por exemplo, de entrar em o contato com diversas outras culturas e costumes. E a Croácia, adversária do Brasil na sexta-feira (09), chama a atenção por uma característica de seu uniforme: o xadrez vermelho e branco.
O xadrez croata, chamado também de šahovnica, faz parte do brasão de armas do país. Segundo o governo da Croácia, o brasão apareceu pela primeira vez na família dos Habsburgos em meados de 1515. A estampa, porém, já era usada em outros brasões da região.
Há uma lenda sobre a origem do símbolo croata – e que envolve o rei Stephen Držislav. Depois de ser capturado pelos venezianos em uma época de conflito, Držislav teria tido uma chance de se livrar – mas de uma forma incomum. Pietro Orseolo II, líder da República de Veneza, o desafiou para uma disputa de xadrez. Em disputa, a sua liberdade. Držislav venceu três partidas, foi solto e, assim, teria incorporado o xadrez como símbolo de seu país.
Uma breve história da Croácia
Apesar da história ser apenas uma lenda, o rei Držislav existiu de fato. Ele governou a Croácia de 969 até 997 e foi um aliado do Império Bizantino em uma guerra contra o Império Búlgaro. Ao ajudar na vitória, o chefe do Império Romano do Oriente lhe concedeu controle sobre a região da Dalmácia, na costa leste do mar Adriático.
A Croácia viveu períodos turbulentos ao longo de sua história. A partir de 1102, a coroa passou para a dinastia húngara depois de uma crise na sucessão do trono. O país perdeu a Dalmácia para Veneza no século 15 e viu sua autonomia ameaçada com as invasões otomanas no século 16.
A dinastia dos Habsburgos (a mesma que deu início ao uso do brasão) só recuperou suas terras com tratados feitos com os otomanos na virada do século 17 para o 18. Com os venezianos, o acordo para reaver a Dalmácia rolou ao final das guerras napoleônicas com o Congresso de Viena, em 1815.
Em 1867, a Croácia passou a fazer parte do Império Austro-Húngaro. Mas essa união se quebrou quando o império acabou depois da Primeira Guerra Mundial, em 1918.
Com o fim da guerra, a Croácia se viu novamente ameaçada. Acontece que a Itália só se juntou aos Aliados (o lado vitorioso) sob uma condição: a de que ela ajudaria no confronto se territórios dos Habsburgos no mar Adriático fossem entregues à ela.
Da Iugoslávia aos dias de hoje
Foi nesse contexto que surgiu um “protótipo” de Iugoslávia. O Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos surgiu em 1918 como uma união do Reino da Sérvia, da Bulgária, Bósnia e Herzegovina, da Croácia e partes da Itália e Hungria. Onze anos mais tarde, em 1929, o nome seria oficialmente alterado para Reino da Iugoslávia (que significa “terra dos eslavos do sul”).
A Segunda Guerra Mundial bagunçou ainda mais o “estado croata”. A invasão alemã na região aproveitou descontentamento de alguns croatas com a união iugoslava para conseguir apoio ao regime nazista. A partir daí, o governo agiu brutalmente contra a minoria sérvia, na tentativa de criar uma república católica e totalmente croata: estima-se que de 350 mil a 450 mil pessoas tenham morrido em massacres e campos de concentração.
Depois da guerra, a Croácia se tornou uma união federativa da República Socialista Federativa da Iugoslávia. Nas décadas seguintes, descontentamentos com a distribuição de recursos entre os estados da união fizeram o governo iugoslavo conceder mais autonomia às unidades federativas – o que abriu portas para a futura independência.
Depois da morte de Tito, o líder político da Iugoslávia, em 1980, a situação política do país piorou. A independência croata foi declarada em 25 de junho de 1991 – e uma guerra se instaurou na região. De um lado, croatas pró-independência. Do outro, o exército iugoslavo (controlado pelos sérvios), que invadiu o país. O conflito só terminou em 1995, com a assinatura de acordos de paz entre os territórios. Mas não sem um saldo infeliz: 20 mil mortos e 400 mil desabrigados.